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Mama (2013) – Terror e Alternativa

Desde que o grotesco e o sublime ficaram em pé de igualdade e se misturaram nos gêneros literários, teatrais e, posteriormente, cinematográficos, que é comum a busca por aquilo que mais nos toma de assalto, assusta e dá medo. Um tema recorrente são aparições de seres do outro mundo, entre possíveis portais que se abrem entre aqui e lá por onde os espíritos descem para nos atormentar e resolver pendências. O mais assustador se dá, entretanto, quando esses seres do mal aparecem naquilo que vemos como máximo da pureza e candura: nas crianças.

Mama (2013), de Andres Muschietti, é sobre duas crianças que após fugirem com o pai, são criadas em uma cabana por um espírito. Anos depois são encontradas e levadas para morar com seu tio e sua namorada. No entanto, o espírito os segue até a casa e se esconde no armário, aparecendo e acompanhando a vida das meninas. Esse espírito tem um singelo apelido: Mama.

O filme de Muschietti é baseado em um curta que o diretor havia feito em 2008, em que parte da história já aparece. A produção do longa só foi possível pela opção de Guillermo Del Toro em assinar a produção executiva. O diretor, que anda investindo no gênero, parece procurar parceiros diretores fora do circuito americano, que se interessem pelo gênero, para os filmes se tornarem realidade.

Mama é assustador. É daqueles filmes que em muitos momentos você se vê segurando parte da poltrona ou cerrando o olhar que ameaça desviar, mas se mantém colado na tela. Diferente dos demais filmes de terror produzidos atualmente, as entidades participam intensamente e aparecem em quase todo o filme e colocam as pequenas atrizes (Megan Charpentier e Isabelle Nelisse) em constante contato com essa aparição dificultando a direção, a atuação e dando um baita trabalho para os efeitos especiais.

O interessante está em perceber como o roteiro é feito para que nada escape de uma lógica ou um sentido, assim até o espírito de Mama também é um personagem, uma espécie de outra vítima do destino e do mundo. Por isso, o filme começa aos poucos, a sair do terror e ganhar um tom etéreo, da inevitabilidade da vida e da tragicidade que percorre cada um de nós. Desde o começo em que o pai das meninas assassina a mãe e foge com as filhas, até o final onde, outra vez, uma despedida se desvela.

Parece-me que Del Toro vem acertando nas escolhas, e que Muschietti começa com o pé direito no gênero, que embora ainda esteja longe de longas como O Orfanato (2007) de Antonio Bayona, ainda assim possui traços populares, do gênero thriller e de um gás novo de um cinema semi-alternativo, que parece ganhar vez mais espaço dentre o público.

“Mama” está em cartaz no Cinemaxx Mercado Estação, com sessões às 15:00h / 17:00h / 19:00h / 21:00h. A classificação é 14 anos.

http://www.youtube.com/watch?v=0yTL7cNY_XI

Luiz Antonio Ribeiro é dramaturgo e poeta, formado em Teoria do Teatro pela UNIRIO – Univesidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, onde atualmente cursa Letras – Português/Literaturas.

Um Comentário

  1. Me decepcionei com o filme, não achei tão assustador assim. A história não traz nada de novo!

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