por José Luiz de Magalhães Rios
A frequência de doenças alérgicas na população está aumentando. Cada vez mais pessoas apresentam diversos tipos de alergia. Estudos têm mostrado que nos últimos 40 anos triplicou a proporção de pessoas alérgicas no mundo. E no Brasil não é diferente.
A alergia acontece por conta de uma alteração do sistema imunológico, que responde de maneira exagerada a algum estímulo externo. A pré-disposição genética e fatores ambientais são a dupla causadora da doença.
Existem diversos motivos para esse aumento de pessoas alérgicas, dentre eles destaca-se a mudança no estilo de vida das populações: hoje em dia a vida é mais confinada a ambientes fechados (e menos ao ar livre), o tipo de moradia mudou (mais móveis, estofados, tapetes, etc), o tipo de alimentação (mais comida industrializada, cheia de conservantes) e mais poluição atmosférica.
Além disso, os cuidados higiênicos com as crianças aumentaram muito, tanto em termos de limpeza, como em relação às doenças infecciosas, mais vacinas para imunizar e mais uso de antibióticos pra tratar. Todos esses fatores mexem com o sistema imune, tornando-o mais propenso para o desenvolvimento da alergia.
O aumento de casos de alergias também está relacionado à maior imunização na infância. O fato de a criança pegar infecções na primeira infância fazia com que ela desenvolvesse sua imunidade. As crianças adoeciam e “exercitavam” o sistema imunológico. Hoje, com a imunidade mais fraca, estima-se que 30% da população mundial tenha algum tipo de alergia.
A exposição ao alergeno, causador da doença, pode acontecer inúmeras vezes durante a vida antes que haja a sensibilização e, consequentemente, o desenvolvimento da alergia. O metal e as substâncias químicas de bijuterias e esmaltes, por exemplo, têm características que facilitam a reação do sistema imunológico e muitos se tornam alérgicos. Da mesma forma que os ácaros da poeira, em relação à alergia respiratória. No caso de crises respiratórias, as gripes podem potencializar a doença. O inverno brasileiro, com temperaturas em torno de 15ºC a 25ºC, é o tempo ideal para proliferação de ácaros, grandes causadores de alergias nas vias respiratórias.
Em todos os casos de alergia, a orientação é evitar o causador da doença, ou minimizar, quando for impossível evitar. Se você consegue parar de comer ou usar, você não tem mais aquela reação.
Com a alergia respiratória isso não é tão simples. Os causadores, como a poeira e os ácaros, estão no ar que se respira. Por conta disso, há necessidade de um tratamento mais prolongado e abrangente.
José Luiz de Magalhães Rios é médico, pesquisador com doutorado e mestrado em Clínica Médica – Área de Pneumologia e Imunologia. Atua também, como coordenador do curso de pós-graduação em Alergia e Imunologia da Faculdade Arthur Sá Earp Neto.