Saúde

HPV também é responsável por aumento da incidência de tumores de orofaringe e ânus

Há alguns anos, o diagnóstico de câncer era considerado uma doença fatal. Hoje, com os avanços da tecnologia, essa realidade mudou. De acordo com o Inca, seis em cada dez tumores podem ser curados se forem descobertos precocemente.

A médica oncologista Flávia Cupello Tamiozzo, que faz parte do corpo clínico do CTO (Centro de Terapia Oncológica) explica que o HPV é a sigla que corresponde ao nome do papiloma vírus humano, escrito em inglês, e que esta sigla designa uma família de mais de 120 tipos de agentes microscópicos, que são responsáveis pelo aparecimento desde verrugas banais em mãos e pés, passando por verrugas genitais e culminando com doenças mais sérias.

A especialista pontua que a menção das três letras, HPV, causa em si só, um misto de vergonha, culpa e medo de desenvolver o câncer. “O HPV está presente em mais de 95% dos casos de câncer de colo de útero, o segundo tumor mais frequente em mulheres brasileiras. Além disso, é responsável por aumentar a incidência de outros tumores, tais como o câncer de ânus e de orofaringe, incluindo língua e tonsilas.”

Flávia ainda explica que os subtipos 16 e 18, além de alguns outros, estão ligados a 90% dos casos de câncer de colo uterino. Já os subtipos 6 e 11 produzem 90% das verrugas genitais, que tem aparência de couve flor. “Cerca de 75% da população sexualmente ativa vai entrar em contato com algum desses vírus. Ele se aloja na célula e altera seu funcionamento, gerando lesões. Quando ocorre uma alteração que leva à multiplicação desordenada, a ponto de invadir outras células, acontece o câncer”, explica a oncologista.

As estatísticas comprovam que o HPV tem uma ligação mais direta com os tumores de colo de útero, que além de ser mais prevalente, tem uma ligação direta com o vírus na maioria dos casos, e que os casos de câncer de cabeça e pescoço estão mais diretamente ligados ao tabagismo e ao etilismo, contudo, alguns casos de câncer de cabeça e pescoço se relacionam com o vírus. Nesses casos, os tipos de câncer tendem a se localizar no nariz, língua e tonsilas (amígdalas).

Uma importante iniciativa para a diminuição dos tipos de cânceres provocados pelo HPV é a vacinação antes da iniciação da vida sexual, seja oral, vaginal ou anal, que protege o indivíduo imunizado para os subtipos mais importantes do HPV. “Há duas: a bivalente, que imuniza para dois tipos de vírus, o 16 e o 18, que são os tipos mais hostis; e a quadrivalente, que além dos dois primeiros engloba também os subtipos 6 e 11.”

A vacina é aplicada por via intramuscular, e o esquema é composto por três doses. A principal indicação é para meninas a partir de 9 anos, ou seja, antes do contato sexual. Em alguns países, a imunização também está liberada para meninos a partir da mesma idade. Flávia ainda comenta que a vacina permanece sendo útil em idades mais avançadas, mesmo que já tenha havido contato sexual, uma vez que existe a possibilidade de reinfecção e exposição as várias cepas em épocas diferentes.

A médica explica que a citologia oncótica é o principal exame preventivo para diagnóstico de câncer de colo de útero. A identificação precoce da infestação pelo vírus previne as fases mais avançadas da doença, incluindo a prevenção do câncer. “Mesmo diagnosticando as verrugas vaginais ou nas demais mucosas é possível remover as células infectadas antes do aparecimento do câncer em fases iniciais. É importante salientar que a maior arma contra qualquer doença é a informação. O HPV é transmitido por via sexual oral, vaginal e anal, portanto, a prevenção é imprescindível. Em todos os casos a vacina ajuda e a utilização contínua da camisinha é a melhor maneira de evitar a infecção”, conclui.

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