Apesar do Brasil ainda estar distante dos países mais solidários do mundo (105º de 145 países, de acordo com o levantamento World Giving Index 2015), as ações de voluntários têm ganhado um destaque significativo. Em Petrópolis, diversas iniciativas individuais ou de ONGs nem sempre têm a visibilidade merecida. Mas, no Natal e fim de ano, ganham um reforço de muita gente que quer ajudar, pessoas que se sentem tocadas pela solidariedade com o próximo e contribuem para que muitas famílias tenham momentos mais felizes.
Em 2011, a pesquisa Voluntariado no Brasil, feita pelo Ibope, identificou que 25% dos entrevistados fazem ou já fizeram algum serviço voluntário. É o caso do jornalista Carlos Felipe de Araújo, que, há sete anos, organizou um grupo de amigos que visita comunidades no fim de ano para levar a magia do Natal e do Papai Noel para as crianças. Desde 2008, cerca de 1,5 mil crianças foram contempladas. Elas recebem um “kit” com quatro brinquedos novos e usados, mas sempre em bom estado. Cerca de 200 pessoas realizam doações, e uma equipe de aproximadamente dez pessoas organiza a festa, que oferece cachorro-quente, algodão doce, pipoca e refrigerante.
Durante essas visitas, Araújo identificou que algumas pessoas, pela situação de vulnerabilidade, mereceram cuidados especiais. Foi o caso de uma família do Moinho Preto, “adotada” por Carlos Felipe. “Ao longo dessas visitas, a gente vai conhecendo histórias muito interessantes. Neste caso, adotamos uma família com marido e esposa desempregados e nove filhos. Vou lá duas vezes ao ano para levar alimento, roupa e brinquedos de Natal”, afirma.
Outra iniciativa veio do grupo Serra Bugs Air Cooled, que se uniu pela paixão por carros antigos. Os colecionadores decidiram, em agosto de 2014, unir a ação social ao hobby. Em todos os eventos que o grupo organiza, como a exposição de veículos antigos em praças e shoppings, há uma campanha de arrecadação de alimentos não perecíveis e brinquedos, no caso do Natal. “O Serra Bugs cresceu como uma grande família, e os projetos de cunho social têm sido o objetivo de todas as campanhas do clube”, afirma Gustavo Ramadas, um dos organizadores. Das dez pessoas que colaboraram no início, hoje o grupo já reúne cerca de 50 integrantes.
Mas as ações de voluntariado não se restringem ao Natal. Em outro setor está a Creche São José do Itamarati, da Associação Congregação de Santa Catarina. A principal motivação para a criação da creche veio de uma ação voluntária de Brazilita Ribeiro de Souza e Silva, que iniciou, em 1939, um trabalho de visitas às famílias do bairro, no segundo distrito. A evolução deste trabalho levou à criação de um espaço para o atendimento de crianças na faixa etária de três meses a seis anos de idade. Com o tempo, a preocupação com a participação das famílias levou o espaço a se envolver nas discussões e formação dos familiares dos atendidos, para participarem da associação de moradores do bairro.
Uma destas ações foi uma frente de trabalho para dar assistência ao menor abandonado. A creche tem uma demanda três vezes superior ao número de atendidos. “Além da creche, oferecemos o trabalho voluntário há 32 anos, com atividades como escolha de grãos, ajuda em bazares, confecção e consertos de roupas e ajudando na alimentação das crianças que precisam de alguma ajuda”, afirma a Irmã Irma Guizzo, administradora da creche. Atualmente, 24 senhoras realizam este trabalho.