Especialistas na área médica afirmam que, atualmente, a resistência bacteriana é um problema de saúde pública crescente em todo o mundo, pois as populações bacterianas resistentes estabelecem um grande desafio à terapia antimicrobiana. Nesse contexto, a Faculdade Arthur Sá Earp Neto (FMP/Fase) está oferecendo o curso de extensão que pretende promover a atualização no tema e a discussão sobre a temática da resistência aos antimicrobianos e as chamadas superbactérias.
“Algumas espécies bacterianas, multirresistentes, têm se tornado habitantes comumente encontradas no ambiente hospitalar e nas instituições de saúde, tornando cada vez mais difícil o tratamento destas graves infecções. Além disso, essas bactérias têm demonstrado, usualmente, um poder elevado de disseminação, tornando difícil o controle de infecções, não somente dentro das instituições de saúde, mas também no ambiente extra-hospitalar”, afirma o responsável pelo curso, Leonardo Alves Rusak, mestre em Medicina Tropical e Doutorando em Medicina Tropical na Fiocruz.
Rusak explica que, ao longo dos anos, estão sendo criadas e descobertas novas substâncias com poder antibiótico, no entanto, esses novos fármacos demoram em média 10 anos para chegarem ao mercado, sendo que as bactérias resistentes têm surgido num espaço de tempo bem menor.
“A resistência aos fármacos antimicrobianos corresponde à capacidade da bactéria em resistir ao agente quimioterápico empregado. Essa resistência ocorre devido a algumas características codificadas geneticamente, que podem ter diversas origens, como mutações genéticas, seleção de cepas naturalmente resistentes, entre outras”, avalia o também professor do curso Thiago Pavoni Gomes Chagas, mestre e doutor em Medicina Tropical pela Fiocruz e com especialização em controle de infecções relacionas à assistência à saúde, pela UFF.
Os especialistas ressaltam que as chamadas superbactérias (bactérias com perfis de resistência a uma droga ou múltiplas drogas antimicrobianas) são problemáticas no ambiente hospitalar em pacientes internados, especialmente aqueles gravemente debilitados, os quais acabam tendo uma antibioticoterapia por um tempo prolongado, favorecendo a seleção de cepas multirresistentes.
“A utilização da antibioticoterapia é necessária em casos nos quais o próprio organismo não consegue debelar a infecção ou para se prevenir uma infecção bacteriana após um procedimento cirúrgico. Contudo, existem alguns estudos realizados ao redor do mundo que tentam desenvolver abordagens alternativas à antibioticoterapia no tratamento de infecções por essas superbactérias, por exemplo: a fagoterapia (utilização dos vírus das bactérias) e a engenharia genética. Vale ressaltar, no entanto, que essas novas técnicas encontram-se em um estágio muito embrionário e levarão muitos anos para que comecem a obter algum resultado satisfatório”, finaliza a outra professora do curso, Vanessa de Souza Rodrigues, mestranda em Doenças Infecciosas e Parasitárias na UFRJ.
O tema será amplamente discutido durante o curso de extensão da FMP/Fase, que será realizado nos dias 29 de abril, 06 e 13 de maio de 2017, das 13h às 17h, no campus da faculdade. As inscrições, que devem ser feitas até o dia 26/04, e outras informações estão disponíveis no site: www.fmpfase.edu.br.