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Programa “Calçada Acessível” vai formular um manual para padronização de calçadas em Petrópolis

Buracos, postes no meio das calçadas, poucas rampas de acessibilidade e elevadores de ônibus quebrados são alguns fatores que dificultam a mobilidade de pessoas com deficiência.

“O Centro Histórico é bem plano e equipado com calçadas, mas essas calçadas, na maioria das vezes, são estreitas e possuem obstáculos como postes no meio. As rampas também são muito escassas e tendem a ser mal projetadas. Soma-se a isso a grande quantidade de construções públicas que não possuem qualquer tipo de equipamento que permita o acesso autônomo de pessoas com deficiência”, observa o arquiteto petropolitano Adriano Arpad Moreira Gomes

A cidade possui dezenas de prédios com estruturas antigas, tombados pelo patrimônio histórico e qualquer mudança deve cumprir determinadas exigências. Neste sentido, manter a característica arquitetônica do município pode se tornar um desafio. “É preciso ter mais cuidado nas intervenções de sítios históricos e imóveis tombados. É importante que órgãos como o Iphan fiscalizem essas práticas e que profissionais capacitados sejam contratados para elaborar os projetos”, explica o arquiteto.

Para ele, o custo não é alto se a cidade for planejada para o pedestre, pois não há praticamente diferença nenhuma em se fazer calçadas boas para a média dos pedestres ou para pessoas com deficiência. “Quando falamos de edificação esse custo pode ser um pouco maior, principalmente no que diz respeito às rampas, mas os benefícios são enormes. É preciso pensar nessas soluções porque elas servem a uma quantidade muito maior de pessoas do que se imagina, como aquelas que sofreram um acidente e ficam impossibilitado de andar por um determinado período ou idosos. O ideal é que todos, independentemente de suas limitações, possam ter o mesmo acesso a todos os espaços”, conclui Adriano.

Uma iniciativa que pode vir a contribui para melhorar esta situação é a recente adesão do município ao programa “Calçada Acessível”. O programa, desenvolvido pela Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) ao lado da Firjan, tem o objetivo de dar orientação técnica para formulação de projetos de padronização e acessibilidade de calçadas no município. Dessa forma, a cidade passará a ter um manual que vai ajudar a nortear obras de construção e melhoria de passeios públicos para pedestres.

O projeto foi apresentado em uma reunião com a presença de vários secretários e da presidente da representação da Firjan na Região Serrana, Waltraud Pereira. Essa cooperação não terá custos para o município e servirá para oferecer para orientação para os técnicos da prefeitura elaborarem uma proposta sobre como devem ser as calçadas no município.

A cidade possui o Circuito a Pé, que permite que os visitantes conheçam locais importante para o município durante um passeio pelo Centro Histórico. Uma breve caminhada permite que os turistas tenham contato com o rico patrimônio de praças, ruas, casarios e palacetes da cidade. Para a presidente regional da Firjan, melhorias nas calçadas podem fazer com que o Circuito se torne ainda maior.

“Petrópolis vai ter um modelo de calçada e vai incluir toda a sociedade. Será um manual para dizer como tem que ser feito para que todos possam utilizar e ter segurança. Como uma cidade turística, é importantíssimo ter essa padronização”, explicou Waltraud Pereira.

Durante o período de formulação de manual, os técnicos da prefeitura vão poder ter contato com a vivência de uma pessoa que precisa de acessibilidade – que engloba não apenas as pessoas com deficiência, como visual e cadeirantes, mas também idosos, grávidas, obesos, entre outros. A ideia é que nesse momento eles possam entender quais são as necessidades desses públicos em relação às calçadas e, assim, atenda as demandas com maior eficácia.

“Há certas situações que a gente só entende na prática, só entende quando sente na pele. Não adianta ter uma calçada bonita, se ela não for acessível. Esse vai ser o grande fruto desta parceria”, afirmou o arquiteto do escritório regional da ABCP, Luiz Gustavo Guimarães, que apresentou o projeto. De acordo com ele, a participação popular também será importante com entidades da sociedade civil discutindo e oferecendo informações que podem ser valiosas para a formulação de uma política pública em torno do assunto.

O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil de Petrópolis (Sinduscon), Ricardo Francisco, elogiou o projeto, que já existe desde 2010 e já passou por outras 32 cidades do estado.

“Esse projeto é brilhante. O Código de Obras do município que está sendo revisado já prevê parte desse trabalho, que será bastante positivo para o município. O programa tem bons exemplos que deram certo e podem ser usados”, destacou.

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