Dando continuidade à campanha 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra as Mulheres, o Centro de Referência e Atendimento à Mulher (Cram) realiza uma palestra nesta sexta-feira (1º), às 15h, na sede da Comdep (Rua General Rondon, 400 – Quitandinha), onde será explicado como funciona o Cram, as formas de atendimento disponibilizadas, como funcionam as leis de proteção à mulher, tirar dúvidas dos presentes, e, além disso, será aberto espaço para depoimentos e bate-papo. O evento é aberto ao público.
A ação desta sexta contará com a presença de Ana Luiza Franco e Liane Diehl, advogada e psicóloga do Cram, respectivamente, e será aberta pela coordenadora do órgão, Cléo de Marco. Serão abordadas as leis de proteção à mulher e os passos de acompanhamento, entre outros. Nesta quinta-feira (30), o Cram estará presente na Posse, onde fará panfletagem e divulgação da presença do Ônibus Lilás no distrito, que ainda terá data definida. No dia 6 de dezembro, a equipe estará no Centro de Defesa dos Direitos Humanos (CDDH) realizando ações relacionadas à campanha e, no dia 08, fechando a campanha, será realizada palestra no Colégio Santa Catarina.
“Os números de violência à mulher só têm aumentado nos últimos anos, então precisamos ampliar nossa campanha de prevenção e conscientização. Muitas mulheres ainda sentem vergonha de denunciar a violência doméstica, ou se sentem culpadas pela agressão sofrida. Nosso trabalho é desmistificar isto, pois sem a denúncia não há ação. Os 16 dias de ativismo são de grande importância, pois é uma campanha que traz visibilidade a um assunto ainda pouco abordado”, destaca a coordenadora do Cram, Cléo de Marco.
A campanha 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra as Mulheres foi criada em 1991 pelo Centro de Liderança Global de Mulheres e tem como objetivo promover o debate e denunciar as várias formas de violência contra as mulheres. Mundialmente, a campanha tem início no dia 25 de novembro, dia internacional de Não Violência Contra as Mulheres, e termina no dia 10 de dezembro, data em que se comemora o dia internacional dos Direitos Humanos. Cento e cinquenta países já abraçaram a causa, que chegou ao Brasil em 2003. No país, o início da campanha foi antecipado para o dia 20.11, dia nacional da Consciência Negra, como reconhecimento da opressão sofrida pelas mulheres negras, principais vítimas da violência de gênero no Brasil.
O Centro de Referência realizou aproximadamente 350 atendimentos apenas neste ano, e atualmente possui uma média diária de 5 atendimentos. Ao longo dos trabalhos, o órgão constatou que a maioria dos casos de violência à mulher acontecem quando seus parceiros estão sob efeito de entorpecentes.
“É uma situação muito problemática, pois a mulher muitas vezes sente que a agressão só ocorreu porque seu parceiro não estava em seu estado normal, então não denuncia e não termina a relação. Ao longo do tempo, a condição só piora, já que as agressões se tornam mais intensas e mais frequentes. Vamos nos unir a outros órgãos de assistência da cidade e lutar para erradicar esse pensamento. Qualquer forma de violência deve ser abominada, seja ela física, verbal, moral, sexual ou patrimonial”, frisa Cléo.
Para denunciar ou solicitar informações, basta ligar para o telefone 2243-6152 ou ir à sede do Cram, que fica na Rua Santos Dumont, número 100, no Centro. O funcionamento é de segunda a sexta, de 8h às 17h.
Outro meio é o Núcleo de Atendimento à Mulher (Nuam) na 105ª Delegacia de Polícia, no Retiro. Ele funciona 24 horas por dia em uma sala especial, reservada, ambiente que proporciona a elas maior coragem para denunciar o agressor. Esse atendimento é feito exclusivamente por policiais femininas, outra forma de deixá-las um pouco mais confortáveis. É uma ferramenta a mais que a Polícia Civil tem para enfrentar a violência contra esse público.
Dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) apontam que neste ano foram contabilizados 109 casos de estupro em Petrópolis, contra 68 no ano anterior.
“Este é um assunto que precisa ser debatido! Muitas mulheres não denunciam por receio da reprovação da sociedade e da família, por acreditarem que ‘não vai adiantar nada’ ou ainda por dependerem financeiramente do parceiro. Quem é ofendida, caluniada, difamada, ameaçada, agredida ou violentada pode (e deve) fazer o registro policial”, comenta a vereadora Gilda Beatriz.
Segundo o Instituto Maria da Penha (IMP), mais de 100 mulheres são violentadas no Brasil a cada hora. “São avós, mães, filhas, sobrinhas, namoradas… São pessoas que sofrem em silêncio e precisam saber que existe apoio. Somos a maioria na sociedade, mas somos representadas por homens. Somos uma maioria que ainda não descobriu a sua força! É por isso que estou trazendo este assunto à luz. Iniciamos o debate e espero ter o apoio de meus pares e do poder executivo para levar a fazer este assunto ecoar através da conscientização e do trabalho de apoio às vítimas”, completa a vereadora.