O município se prepara para instalar a 1ª Unidade de Acolhimento Adulto (UAA) da Região Serrana, onde será oferecido o acolhimento transitório por até seis meses aos usuários de álcool e drogas de ambos os sexos. A unidade é uma extensão do tratamento oferecido pelo CAPS AD III (Centro de Apoio Psicossocial Álcool e Drogas) no que diz respeito à reintegração dos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) à sociedade.
Serão utilizados R$ 70 mil provenientes de recursos federais para a implantação da unidade, além de R$ 25 mil para custeio mensal do serviço da Rede de Atenção Psicossocial. O recurso deve ser enviado ao município já no próximo mês que terá 90 dias para implantar a unidade de acolhimento. O serviço funciona como uma casa onde as pessoas que estejam em tratamento no CAPS AD III tem apoio multidisciplinar e podem viver por um período.
Petrópolis é um dos poucos municípios em todo o Estado a oferecer uma assistência mental completa. Atualmente o Departamento de Saúde Mental tem cerca de 4.500 usuários com atendimentos mensais e conta com uma unidade de CAPSi – Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil, duas unidades do CAPS – Centro de Atenção Psicossocial e uma de CAPS AD III – Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas. Há também uma unidade do Ambulatório de Saúde Mental em Itaipava e outra no Centro, além de 136 leitos no Santa Monica e 10 leitos de internação de 72h no Hospital Municipal Nelson de Sá Earp.
“A unidade terá funcionamento 24h, com acolhimento de até 15 adultos por até seis meses, apoiando seus moradores na busca de emprego, estudo e alternativas de moradia. São espaços abertos de acolhimento sempre voluntário e a indicação de uma vaga na UAA é feita pela equipe do Centro de Atenção Psicossocial Álcool Outras Drogas”, explica o secretário de Saúde, Silmar Fortes.
Indicação para o acolhimento será realizada entre os pacientes do CAPS AD III
Unidade de Acolhimento Adulto (UAA) não se trata de um abrigo, mas de uma casa que garante respaldo à saúde dos usuários em um período transitório de reintegração à sociedade. A coordenadora do CAPS AD III, Leandra Iglesias, esclarece que os usuários serão tratados com respeito à diversidade e à individualidade de cada um com a perspectiva de uma melhora na qualidade de vida.
“É uma unidade pública de saúde muito mais complexa que oferece suporte para que os usuários inseridos em projetos terapêuticos tenham condições de almejar a plena cidadania e, assim, buscar acesso à geração de emprego e renda, moradia, educação, saúde e habitação, entre outras necessidades, demandas e direitos humanos”, disse.
A superintendente de Atenção à Saúde, Fabíola Heck, reforça que o tratamento da dependência química também deve ser feito no convívio familiar e projeta a criação de um grupo de convivência específico para acompanhamento do usuário e seus entes.
“A unidade é destinada a pessoas a partir dos 18 anos e já estamos em busca de uma casa bem como da equipe que atuará no serviço. Prestaremos um acolhimento humanizado e atividades terapêuticas e coletivas, mas é importante o acompanhamento psicossocial ao usuário e à respectiva família e assim contribuir para o sucesso do tratamento”, explica.
Pacientes do CAPS ADIII aprovam a iniciativa
O Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas tem 400 pacientes em acompanhamento e tratamento. Em 80% dos casos são homens adultos, mas a preocupação do município é quanto à evolução do número de dependentes entre os jovens. Em Petrópolis, 6% dos adolescentes – de 10 a 19 anos, cerca de 2.500 pessoas são consideráveis em risco de dependência química.
Paciente da unidade há 1 ano do CAPS AD III, F.C.C reforça que a unidade será importante para os pacientes que não tem família ou precisam de um atendimento 24h.
“É muito difícil parar. A gente sofre, tem as recaídas, para estar aqui tem que ser perseverante e desejar abandonar o vício. As famílias por muitas vezes sofre muito então a pessoa acaba indo para a rua, essa unidade vai ser importante para isso. Hoje eu vejo o Caps como uma família onde a cada dia comemoramos a vitória do outro”, explica.
Outra paciente, de 28 anos, J.S.J, comemora os projetos de reinserção no mercado de trabalho. Ela espera que em breve possa fazer parte do grupo para conseguir um emprego.
“Eu entrei aqui para ter meu filho de volta. Eu perdi a guarda dele, mas estou muito determinada a seguir meu tratamento, me estabilizar novamente e conseguir um emprego. Acho que esse seria o meu maior presente, pois a nossa luta é diária, mas com fé iremos conseguir vencer o vício”, afirma.
O Centro de Atenção Psicossocial Álcool Outras Drogas (CapsAd) é uma unidade de tratamento com serviço 24h que dispõe de 8 leitos de retaguarda para situação de crise, com acolhimento e avaliação multiprofissional.
“Ao dar entrada, o paciente passa pela triagem, o caso é levado para discussão entre a equipe e em seguida é elaborado o projeto terapêutico exclusivo para o indivíduo de acordo com o perfil do usuário e o mesmo é encaminhado para oficinas e grupos terapêuticos”, explica a coordenadora do CAPS AD III Leandra Iglesias.