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Educação

Encontro debate a esporotricose nesta terça na Casa Cláudio de Souza

Na terça-feira (1º), a Casa de Cláudio de Souza recebe o primeiro encontro sobre esporotricose, às 20h. O evento contará com a participação da médica veterinária, especializada em felinos, Priscila Mesiano, além da médica veterinária, coordenadora de Vigilância Ambiental da Prefeitura, Maria Beatriz Pellegrini e da dermatologista Ana Paula Bonvini. O encontro é gratuito e aberto a todos.

No Brasil antes de 1990, a esporotricose não era uma epidemia. De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro, há uma expansão desta zoonose (doença também transmissível ao homem) com uma estimativa de 389 novos casos de esporotricose em humanos por ano, totalizando cerca de 5 mil registros, sendo que o número é incontável em felinos.

A esporotricose ocorre quando um fungo subcutâneo é transmitido pela arranhadura ou mordedura de animais doentes, o que propicia o aparecimento de feridas e nódulos pelo corpo. Como é um fungo ambiental também é possível se contaminar por meio de arranhadura por galhos, arames e espinhos contaminados. É fundamental que o dono sempre avalie a pele e o pelo do bichinho para, ao sinal de qualquer suspeita, levá-lo ao médico veterinário, a fim de que seja realizada biópsia e outros exames para o devido diagnóstico. Quanto mais cedo for a ação, mais fácil, barato e rápido é o tratamento.

Segundo a médica veterinária Priscila Mesiano,  membro da International Society of Feline Medicine e da American Association of Feline Practioners, é possível evitar a doença por meio da castração. “A esterilização diminui o instinto do animal em circular pelas redondezas e entrar em atrito com outros animais, mantendo-o mais junto aos donos, sendo que é importante lembrar também que animais com acesso à rua ou quintais, principalmente com lixo ou excesso de matéria orgânica em decomposição, estão mais propensos”, ressalta.

Diferentemente do que se pensa, a esporotricose tem cura e hoje são raríssimos os casos em que é indicada a eutanásia do animal. O tratamento é realizado por meio de antifúngicos orais específicos, únicos ou associados e requer persistência. Dependendo do número, tamanho e profundidade das lesões, o animal pode estar curado em alguns meses. Além da ferida nodular ulcerada ou não, os sintomas também podem ser percebidos por espirros no gato e nariz volumoso.

Ainda de acordo com a especialista em felinos, a proposta do evento é orientar e esclarecer sobre os sintomas da doença tanto em felinos quanto em humanos. “É importante falar sobre tratamento, causas, transmissão e padrões de lesão. Esta é uma zoonose e medidas preventivas precisam ser tomadas para tentar diminuir os casos de esporotricose dentro da nossa cidade, tentando evitar a disseminação da doença não só em gatos, mas em animais no geral e também em seres humanos porque a doença vem crescendo no Estado do Rio e em Petrópolis”, afirma.

Como não há dados concretos sobre a doença no município, sem notificações de casos de humanos, inclusive, o objetivo a partir do encontro é tentar então fazer um levantamento e principalmente tentar reduzir o número de animais com esporotricose em Petrópolis e fazer a prevenção da patologia.

A coordenadora de Vigilância Ambiental Maria Beatriz Pellegrini quer entender algumas divergências quanto aos dados obtidos sobre a doença em Petrópolis. “No ano passado foi feito um levantamento junto às clínicas e obtivemos apenas 33 notificações. Considerando que nossa população é de mais de seis mil gatos, a proporção é muito baixa. Este índice não favorece a tentativa de um projeto de combate à doença. É claro que há subnotificação, mas a situação real não é conhecida. Se conseguirmos um levantamento com números precisos, poderemos começar a lutar por recursos”, avalia.

A coordenadora também ressalta sobre o aspecto negativo da popularização e acessibilidade ao tratamento, que pode ser feito sob diagnóstico errado. “Já atendemos casos de tumores e alergia à pulgas, com lesões que foram confundidas por protetores ou proprietários e foram tratadas como esporotricose. Um animal doente sem o diagnóstico correto está correndo risco de morte. A dose errada pode causar interrupção do tratamento fora de hora e provocar resistência do fungo aos medicamentos. Também solicitamos que os protetores levem veterinários às colônias de gatos (gatos selvagens que ficam em lugares de mato ou algum local abandonado) para que os animais possam ser diagnosticados e notificados corretamente”, orienta.

Além de castrar seus animais, principalmente machos, mas também fêmeas e evitar que os gatos tenham acesso à rua, a população também pode ajudar não tendo medo da notificação realizada aos departamentos de Vigilância em Saúde, sendo os casos sobre animais para Vigilância Ambiental e humanos para Epidemiologia, pois isto é fundamental para o mapeamento da doença. Apenas o médico veterinário pode fazer a notificação sobre animais. Ao levar o animal ao veterinário, lembre o profissional sobre a notificação do caso.

A Casa Cláudio de Souza fica na Praça da Liberdade, 247 – Centro.

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