Mesmo sem nenhuma prova de eficácia e não sendo recomendado pelos órgãos de saúde, infelizmente ainda há pessoas insistindo no chamado “tratamento precoce”.
No início deste ano, a Associação Médica Brasileira e a Sociedade Brasileira de Infectologia divulgaram uma nota sobre vacinação e o “tratamento farmacológico preventivo”, que diz o seguinte:
“As melhores evidências científicas demonstram que nenhuma medicação tem eficácia na prevenção ou no ‘tratamento precoce’ para a Covid-19 até o presente momento. Pesquisas clínicas com medicações antigas indicadas para outras doenças e novos medicamentos estão em curso.
“Atualmente, as principais sociedades médicas e organismos internacionais de saúde pública não recomendam o tratamento preventivo ou precoce com medicamentos, incluindo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), entidade reguladora vinculada ao Ministério da Saúde do Brasil.
“As vacinas têm o potencial de evitar a COVID-19 grave, evitando internações hospitalares, necessidade de oxigenioterapia, admissões em unidades de terapia intensiva e óbito e, assim, controlarmos a pior crise sanitária dos últimos cem anos.
“Hoje, os brasileiros representam 10% dos óbitos por COVID-19 no mundo. Precisamos mudar esta triste realidade. A caminhada de controle da pandemia ainda será longa. Por isso, precisamos manter, mesmo com o início da vacinação, o uso correto de máscara, distanciamento físico e higienização frequente das mãos. Agir para combater o coronavírus é um dever de todos!”, encerrava a nota.
De acordo com a BBC, “ao longo dos últimos meses, diversas entidades nacionais e internacionais se posicionaram contra o coquetel de medicamentos promovido pelo governo brasileiro, que inclui a hidroxicloroquina, a azitromicina, a ivermectina e a nitazoxanida, além dos suplementos de zinco e das vitaminas C e D. Atualmente, esse mix farmacológico não é reconhecido ou chega a ser contraindicado por entidades como a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos e da Europa, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).”
Além disso, o laboratório farmacêutico Merck (MSD, no Brasil), que fabrica a ivermectina, divulgou uma nota em fevereiro informando que não há evidências que sustentem a eficácia da droga no combate à Covid-19.
“É importante notar que, até o momento, nossa análise identificou:
-Nenhuma base científica para um potencial efeito terapêutico contra COVID-19 de estudos pré-clínicos;
-Nenhuma evidência significativa de atividade clínica ou eficácia clínica em pacientes com doença COVID-19, e;
-Uma questão de falta de dados de segurança na maioria dos estudos”, diz o comunicado da Merck.
Vários estudos também já foram publicados sobre o uso de hidroxicloroquina e azitromicina, como o Recovery Trial realizado no Reino Unido. Numa análise de mais de 4.500 pacientes hospitalizados, o uso de hidroxicloroquina e azitromicina não trouxe benefício algum.
O mesmo resultado foi observado na pesquisa da Coalizão Covid-19 Brasil, com cerca de 500 voluntários brasileiros com a infecção pelo coronavírus em estágios leves ou moderados.
Fontes: ABM, Merck, The New England Journal of Medicine, BBC News