Cidade

Movimento contra a “Amnésia do céu azul” lança site com linha do tempo das chuvas em Petrópolis e memorial em homenagem às vítimas

Hoje completa dois meses da tragédia da chuva em Petrópolis, na qual 234 pessoas perderam a vida e três continuam desaparecidas. E daqui a cinco dias, a segunda tragédia, que vitimou sete pessoas, faz um mês. Isso sem contar nas milhares de pessoas que ficaram desabrigadas nas duas ocorrências.

Ao todo, a Defesa Civil tem mais de 9,7 mil ocorrências registradas em todo o período, em função das chuvas de fevereiro e março. Desse total, a maior parte – mais de 7,5 mil – foi por deslizamentos. E destes, mais de 2,8 mil atingiram diretamente imóveis por cerca de 60 localidades afetadas. De todas as ocorrências cadastradas, mais de 3,6 mil estão em andamento pelas equipes que seguem diariamente na realização de vistorias e conclusão de laudos.

A Secretaria de Assistência Social trabalha para o atendimento das famílias que ainda estão em abrigos temporários. Das 166 pessoas que continuam sem uma moradia, 62 estão em instituições e outras 104, em estruturas organizadas de forma voluntária nas comunidades. A prefeitura diz que todas as pessoas dos abrigos estão incluídas no programa Aluguel Social e estão sendo direcionadas aos novos lares.

As famílias que perderam suas moradias e estão acolhidas em casas de familiares ou amigos, estão recebendo o mesmo suporte por meio dos Centros de Referência em Assistência Social (CRAS), que direcionam benefícios de acordo com o perfil social de cada pessoa.

Se a chuva sempre foi motivo de apreensão para os petropolitanos, esse sentimento se intensificou e virou um grande temor a cada vez que as nuvens surgem, o céu fica carregado e as gotas começam a cair. É como se passássemos a viver constantemente à espera de uma nova desgraça. E isso não pode ser normalizado.

Com o intuito de fazer com que essas tragédias não caiam no esquecimento surgiu o Movimento contra a “Amnésia do Céu Azul”, que tem o objetivo de contribuir com o debate público sobre as chuvas em Petrópolis e suas consequências. O nome é inspirado no termo de autoria do geógrafo Marcelo Motta, da PUC RIO.

Recentemente, além de sua página no Instagram, o Movimento lançou também um site (https://www.memorialpetropolis.app) com uma linha do tempo das maiores tragédias ocasionadas pelas chuvas em Petrópolis desde 1966 até 2022, reunindo várias matérias que saíram em diversos veículos nestes períodos. O site conta ainda com um memorial dedicado à história das vítimas, onde familiares e amigos podem prestar suas homenagens bastando clicar no botão “envie sua história” neste link.

“Criamos um site com uma linha do tempo das chuvas, que mostra claramente a cruel regularidade com que esses desastres causam morte e destruição em Petrópolis, além de um memorial para homenagear as vítimas das chuvas. Junto disso, elaboramos um documento com ideias factíveis  para melhorar a disponibilização da informação para os moradores da cidade, assim como algumas melhorias estruturais no aparato dos órgãos de gestão de crise do município”, explica o Movimento. “Isso porque acreditamos que, em 1988 e em outras catástrofes, até mesmo as mais recentes, a população enfrentou dificuldades semelhantes às experimentadas em 2022, mas pouco daquilo foi devidamente documentado, há poucas fotos e vídeos, além do fato de que muitas informações relevantes vão sendo perdidas com o tempo. Hoje, com a ajuda da tecnologia, acreditamos que registrar a ‘memória das chuvas’, como estamos fazendo em nosso site, é um passo importante para modificar a cultura do esquecimento”, conclui.
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