Nesta semana, técnicos da Prefeitura de Petrópolis, o prefeito e engenheiros da Secretaria de Estado de Infraestrutura e Obras (Seinfra) realizaram uma vistoria técnica nos pontos mais afetados pelas chuvas. A vistoria levantou os locais mais vulneráveis e avaliou a inclusão das intervenções no pacote de obras emergenciais do Governo do Estado.
Os técnicos vistoriaram os bairros Vila Felipe, Chácara Flora, Sargento Boening, Morro da Oficina e Caxambu. “O município sozinho não tem condições de assumir todas as obras de grande porte. O apoio do governo estadual é fundamental e dependemos dessa ajuda para reconstruir a cidade no menor tempo possível”, disse o prefeito Rubens Bomtempo.
Na visita ao BNH do Sargento Boening, onde a prefeitura está atuando na remoção da terra do bloco 18, atingido pelo deslizamento, Bomtempo determinou a contratação emergencial de um técnico em cálculo estrutural, para determinar as novas ações do município no local.
“Os técnicos da secretaria de obras começaram o escoramento do prédio e as equipes da Comdep iniciaram a remoção da terra que deslizou e invadiu o prédio. Após a remoção de parte da terra, os técnicos identificaram ruptura nos pilares de sustentação do bloco. Imediatamente o trabalho no local foi suspenso e um técnico foi chamado para avaliar os riscos da estrutura”, explicou Bomtempo.
Durante a visita técnica, foi anunciado que o Governo do Estado já incluiu no pacote de obras emergenciais do Estado as intervenções do BNH do Sargento Boening e a contenção da Rua Oliveira Bulhões, em Cascatinha. “Nesses locais, estamos na fase de projeto e orçamento. A previsão é que as obras sejam iniciadas em um prazo de 40 dias”, explicou Gleidson Portela, engenheiro da Secretaria de Estado de Infraestrutura e Obras (Seinfra).
Após a visita, os representantes do Governo do Estado vão emitir relatórios sobre a situação dos locais vistoriados para avaliação.
Na Chácara Flora, o prefeito pediu para os técnicos da secretaria de obras avaliarem a instalação de dois ralos transversais na Rua Carmem Ponte Marcolino. “Os técnicos vão avaliar qual a melhor intervenção para o local. Nosso objetivo é evitar que a água invada as casas que ficam abaixo do nível da rua”, disse o prefeito. Além dos técnicos da secretaria de obras, a Comdep segue atuando em várias frentes na recuperação do bairro.
No Morin, na servidão Vereador João Fernandes de Castro, o prefeito esteve acompanhando as intervenções da secretaria de obras, onde está sendo refeito o acesso para os moradores. “Após as chuvas do dia 15 de fevereiro, uma equipe da secretaria de obras tinha refeito o acesso para os moradores. Com a intensidade da chuva do dia 20 de março, todo o trabalho iniciado pelos profissionais foi levado pela água. Estamos fazendo o acesso pela segunda vez. Precisamos devolver a mobilidade para os moradores da servidão. A prefeitura ainda estuda a viabilização de recursos para refazer toda a rede no local”, explicou Bomtempo.
Acompanhado pelo presidente da Comdep, Léo França, Bomtempo também vistoriou a obra de contenção da rua Uruguai, que é de responsabilidade da prefeitura. No local, além do muro de contenção da rua, também está previsto um segundo muro de contenção abaixo da margem da rua. A recuperação da rede de drenagem e o asfalto também estão sendo vistos.
No bairro do Lagoinha, acompanhado pelo presidente da Cptrans, Jamil Sabrá, o prefeito determinou uma obra emergencial para devolver o acesso ao transporte público para os moradores. “Nesse ponto do Lagoinha, ainda estamos viabilizando recursos para a obra de contenção da rua. Para devolver o acesso para os moradores, eu autorizei uma intervenção emergencial para alargar a pista próximo ao parquinho. Assim, o ônibus vai poder novamente chegar ao ponto final do bairro”, disse.
O prefeito também vistoriou as intervenções que estão acontecendo na rua Barão de Águas Claras, Mosela e rua Afrânio de Melo Franco, onde estão sendo realizados muros de contenção e outras intervenções.
JICA conclui análise de áreas afetadas pelas chuvas e segue com cooperação técnica para projetos de prevenção
A Agência de Cooperação Internacional do Japão (Japan International Cooperation Agency – JICA) concluiu nesta sexta-feira (6), a primeira etapa do trabalho de análise de campo das áreas afetadas pelas chuvas de fevereiro e março. Os especialistas estiveram na cidade desde a última quarta-feira (4/5), com os técnicos do Ministério do Desenvolvimento Regional que, acompanhados pelas equipes da Defesa Civil do município, avaliaram os tipos de deslizamentos ocorridos na cidade. A medida visa realizar estudo técnico, em apoio à Prefeitura, para definir quais serão os mecanismos que serão usados para a recuperação e medidas de prevenção para as áreas danificadas pelos desastres.
Um dos objetivos da JICA na cidade foi avaliar a possibilidade de implantação do projeto SABO, que prevê a construção de barreiras, já utilizadas no Japão, para a retenção de fluxo de detritos em áreas com risco de deslizamento e minimizam os danos às edificações. Pela Região Serrana, o projeto está em fase de andamento em Friburgo e Teresópolis. Em Petrópolis, a partir do trabalho de campo realizado, as equipes técnicas vão estudar as melhores medidas a serem adotadas a partir do perfil topográfico das regiões afetadas.
“Antes de vir para cá observei muitas fotos e vídeos, mas ao chegar em cada localidade fiquei impressionado com a quantidade de encostas íngremes e perigosas que têm por aqui. E ainda, os desplacamentos rochosos são muito grandes e irregulares. Pude verificar a quantidade imensa de casas afetadas e percebi com profundidade o quão grave foi o evento que atingiu a cidade”, disse o especialista da JICA, Hideto Ochi.
Após conhecer os pontos afetados, o especialista ressaltou ainda a imprevisibilidade das ocorrências registradas. “Observei as localidades que se romperam e digo que seria difícil se prever o que aconteceria na cidade. Nesse sentido, pude perceber com mais clareza o quão desafiador é fazer obras nas regiões atingidas, mas vejo que a cidade conta com equipes preparadas, que compreendem a situação das encostas daqui e fizeram análises pertinentes para cada localidade”, completou Ochi, destacando que por parte do Japão, há grande interesse em contribuir para o plano de recuperação da cidade.
Estudos visam não só a recuperação, mas medidas de prevenção para a cidade
Com as equipes da Defesa Civil do município, os técnicos da JICA e do MDR visitaram localidades que possuem o perfil topográfico para a implantação do projeto SABO. No entanto, especialistas avaliam demais projetos, estruturantes ou não, que podem ser adotados onde as barreiras não são adequadas. “Hoje tecnicamente, estamos tendo visão do que é trabalhar preventivamente, com estudos para construções que minimizem danos. Buscamos locais que nunca foram feitas essas estruturações que são prioridades nesse momento”, destacou o secretário de Defesa Civil, o Tenente Coronel Gil Kempers.
“A partir desse trabalho vamos conseguir importantes avanços em ações de prevenção adequadas para cada localidade. Essa parceria com o Japão já nos rendeu avanços no passado e com certeza agora não será diferente”, pontuou o coordenador especial de Articulação Institucional, Rafael Simão, lembrando de parcerias anteriores com Projeto de Gestão Integrada de Desastres Naturais (Gides), implementado entre os anos de 2014 e 2017 no município.