A Academia Petropolitana de Letras – APL está completando 100 anos neste mês. Para comemorar o centenário, a entidade preparou cinco dias de programação em locais como a Casa de Educação Visconde de Mauá, Sesc Quitandinha, Casa de Cláudio de Souza, Câmara Municipal e Catedral.
Nesta quarta-feira (3), a Câmara Municipal de Petrópolis terá sessão solene para celebrar os 100 anos da APL. O evento comemorativo será no mesmo salão onde, em 3 de agosto de 1922, foi fundada a Associação Petropolitana de Ciências e Letras, em reunião presidida pelo então prefeito Eugênio Lopes Barcellos. A solenidade começa às 19h e será conduzida pelo presidente da Câmara Municipal, vereador Hingo Hammes.
História da APL
A Academia Petropolitana de Letras foi criada em um momento de efervescência cultural na país. Era o ano do centenário de Independência do Brasil e da Semana de Arte Moderna. Intelectuais, artistas, pensadores e políticos trabalhavam no sentido de fomentar a arte, em todas as suas formas. Em agosto de 1922, o projeto se tornou realidade por iniciativa dos intelectuais Joaquim Gomes dos Santos, que idealizou a então Associação Petropolitana de Ciências e Letras; João Roberto d‘Escragnolle, que divulgou a ideia; e Reynaldo Chaves, que levou à frente as reuniões para concretizar a iniciativa, até o convite e a reunião na noite de 3 de agosto de 1922. Na data, d‘Escragnolle e Joaquim foram à Prefeitura Municipal convidar o então prefeito Eugênio Lopes Barcellos para prestigiar a reunião e presidi-la.
Eugênio Barcellos assumiu a direção, fez de Joaquim Gomes dos Santos o secretário, juntamente com Hildegardo de Jorge Silva. Coube o primeiro depoimento a Joaquim, lendo para o plenário a carta sugestão e um anteprojeto de Estatuto que redigira a pedido de d’Escragnolle. Lançada a base, Salomão Jorge propôs o nome de “Associação Petropolitana de Ciências e Letras” para a nascente entidade, o que foi aprovado.
As primeiras reuniões de fundação e instalação da Associação Petropolitana de Ciências e Letras aconteceram na Pensão Petrópolis, na sala da “Empresa Alex” de João Roberto D´Escragnolle, segundo pavimento do sobrado, que ficava na avenida 15 de Novembro, n° 762 (hoje Rua do Imperador, Edifício Vicente Marchese) No térreo funcionava a loja “A Fortaleza”, de propriedade de Reynaldo Chaves, um dos acadêmicos pioneiros.
Atual presidente da APL, Leandro Garcia Rodrigues lembra que, até a criação da Associação Petropolitana de Ciências e Letras, Petrópolis não tinha uma instituição literária. “Embora tivesse o nome de associação, a estrutura era organizada de acordo com as academias: com 40 membros. Seguia modelo da Academia Francesa – mãe de todas as academias”, lembra.
Em janeiro de 1928, Raphael Mayrinck transmite a presidência acadêmica à Nair de Teffé Hermes da Fonseca, que foi a 1ª mulher a presidir uma Academia de Letras no país. Em sua administração, a entidade deixa de ser “Associação de Ciências e Letras” e passa à denominação de “Academia Petropolitana de Letras”, limitando o número de sócios em 50, cadeiras fixas sem homenagem patronímica.
CURIOSIDADES
A Academia foi uma das primeiras – senão a primeira do país – a admitir mulheres em seu quadro social e abrir a tribuna para os trabalhos literários de escritoras e poetisas. Nos primeiros dias lá estiveram Fausta Gouveia, Anadir do Nascimento Silva, Stela Aguiar, Germana Gouveia, Virgolina de França e Silva e outras. Germana Gouveia e Anadir do Nascimento Silva integraram o quadro efetivo.
A Academia colocou placas de bronze junto à entrada de três importantes residências de personalidades, assinalando a honra e o privilégio de suas residências na cidade: na casa da Princesa Isabel, na Avenida Koeler; na casa do Barão do Rio Branco, onde foi assinado o “Tratado de Petrópolis”; e na casa onde faleceu Ruy Barbosa, na Avenida Ipiranga.
A Academia Petropolitana de Letras, provando sua modernização e constante atualização, já aprovou 11 Estatutos. O último, registrado em 19 de abril de 2006, em vigor.
No dia 23 de fevereiro de 1942, o escritor Stefan Sweig suicidou-se junto com sua secretária Elisabeth Charlotte, na casa onde residia em Petrópolis, na rua Gonçalves Dias. Coube à Academia Petropolitana de Letras, presidida por Francisco Carauta de Souza, promover a câmara ardente no salão nobre do Grupo Escolar D. Pedro II, sede da Academia, juntamente com a diretora do educandário, a acadêmica professora Germana Gouveia.
A sede da Academia Petropolitana de Letras fica na Praça da Liberdade nº 247, graças ao empenho do acadêmico e ex-presidente, o professor José de Cusatis. O imóvel pertence ao Governo Federal, por doação da família do escritor Claudio de Souza, e foi cedido à Academia, juntamente com as Academias de Educação, de Poesia Raul de Leoni, de Ciências Neurológicas e Instituto Histórico de Petrópolis.
PROGRAMAÇÃO DO CENTENÁRIO
Fonte: Academia Petropolitana de Letras