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“A metáfora do nosso show é uma viagem no tempo”, analisa Ritchie sobre sua nova turnê

Dono de sucessos que embalaram diversas trilhas sonoras de novelas brasileiras, o cantor Ritchie se apresentou no Centro Cultural Sesc Quitandinha nesta quinta-feira (25), como parte da programação do Festival Sesc de Inverno.

Antes de subir ao palco, o cantor nos recebeu para um rápido bate-papo e já logo respondeu a uma dúvida que dividiu opiniões dos nossos leitores: afinal qual é a cor do abajur de Menina Veneno? “É cor de carne!”, afirmou Ritchie, brincando e apontando para o próprio braço “carne humana”, completou.

Em seguida falou um pouco sobre sua relação com Petrópolis, já que ele mesmo havia postado uma foto sua da década de 1970 subindo a serra com seu fusca laranja. “Minha cunhada tem uma casa aqui em Petrópolis, então nos anos 70 a gente vinha muito nos fins de semana, nos anos seguintes bem menos e já fazia muito tempo que não vinha aqui”, recorda o cantor, que se apresentou pela primeira vez no Palácio Quitandinha.

A tecnologia também foi um assunto que abordamos e que sempre se fez muito presente, não só em suas letras, como em “Voo de Coração” que ele fala de holograma e computadores, como também no seu próprio show da turnê “A vida tem dessas coisas”, iniciada no ano passado e que passou por Petrópolis nesta quinta.

“Hoje em dia computador é tão lugar comum, mas em 1982 ninguém tinha em casa. Então aquilo foi uma espécie de projeção para um futuro eventual e com o Bernardo Vilhena, que fez a letra, sempre procuramos mencionar as tecnologias de alguma forma, não em todas as canções obviamente, mas hoje em dia está mais no show. Agora a gente tem verdadeiros hologramas, temos computadores ajudando em toda a desenvoltura do show, usamos Inteligência Artificial na gerência de algumas das imagens e tem várias ilusões de ótica, utilizando essas tecnologias que não existiam quando eu fiz a minha primeira turnê”, comenta.

O show de Ritchie conta com um grande telão de led no fundo com efeitos e imagens relacionadas às músicas, além de quatro laterais que ajudam a compor o cenário e inserem o público num túnel do tempo. “É um show que revisita a minha obra, mas também tem um olhar para o futuro, principalmente no tratamento visual. A metáfora do nosso show é uma viagem no tempo: eu sou como um viajante no tempo que faz esse passeio e as pessoas viajam junto e se emocionam junto, é muito comovente de assistir”, analisa.

Uma de suas canções mais conhecidas, “Menina Veneno” completou 40 anos em 2023 e até hoje é conhecida e cantada inclusive por novas gerações, que nem eram nascidas na época que a música estourou. A tecnologia também utendo esse papel de atingir mais pessoas, através das redes sociais, por exemplo.

“Em 2009 fiz meu canal de vídeo e decidi que lá eu só colocaria gravações feitas ao vivo, e já temos 100 milhões de visualizações. Eu fico fascinado com esse alcance, é quase mais que a população da minha terra [Ritchie é inglês]. É um ótimo momento para se fazer música à moda antiga, porque a gente tem alcance através desses veículos e um certo know-how que vem da época que fazíamos clipes. É importante que a gente acompanhe as evoluções tecnológicas e as use de alguma forma que possamos contar a nossa história e ao mesmo tempo não ser apenas uma coisa nostálgica. A tecnologia está ali para dar um realce no show e para dar esse olhar para o futuro”, conclui.

Ritchie canta “Casanova” com uma máscara / Foto: AeP

Sobre o show

Com a turnê “A vida tem dessas coisas”, não faltaram sucessos como “Casanova”, “Transas”, “Voo de coração”, “Preço do prazer”, “Agora ou jamais”, ” A mulher invisível”, “Só pra o vento” e, claro, a clássica “Menina Veneno”, que encerrou o show.

Entre dancinhas descontraídas, conversas, algumas palinhas na flauta e muitos recursos visuais que dão um toque especial ao show, Ritchie também veste uma camisa havaiana para entrar no clima de “Só pra o vento” e uma máscara para a icônica “Casanova”.

Ritchie homenageia sua amiga Rita Lee / Foto: AeP

Durante o show, o cantor homenageia Rita Lee ao cantar “Ando meio desligado” e recorda da importância do grupo [Os Mutantes] para sua vinda ao Brasil.

“Quando eu cheguei aqui foi para visitar meus amigos dos Mutantes, que havia conhecido em Londres e eles tinham sugerido que eu viesse para cá. Eles foram muito gentis, me indicaram músicos de São Paulo e lá formei minha primeira banda. Eles foram muito importantes nessa trajetória, nessa vinda e fazer música no Brasil, mas nesse momento eu ainda não pensava em ficar de vez”, conta.

De volta à casa, Ritchie saiu do aeroporto direto para uma festa onde conheceu sua esposa Leda, uma brasileira que coincidentemente vivia na mesma rua que ele costumava se hospedar em Londres, mas até então nunca tinham se esbarrado. Daí, decidiu que voltaria e ficaria de vez no Brasil, onde vive há mais de 50 anos e destes, 40 de uma trajetória de sucesso.

Confira um trechinho do show no nosso Instagram.

Marianne Wilbert

Jornalista, pós-graduada em mídias digitais.
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