A morte de um bebê de seis meses por coqueluche no Paraná, ocorrida em julho deste ano, acendeu um alerta sobre a importância de manter a vacinação das crianças em dia. Há três anos não havia registro de óbito pela doença no Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde.
“A coqueluche é uma doença bacteriana respiratória, que acomete predominantemente crianças. Os sintomas iniciais podem durar de 1 a 2 semanas e são semelhantes a uma gripe comum, com obstrução nasal, tosse e espirros, e você não consegue diferenciar de outros quadros gripais. Após esse período, entra a fase paroxística, que é quando começa o que caracteriza a doença, com crises de tosse de repetição, podendo levar a pessoa a ficar com a boca roxa e fazer um ruído respiratório muito caraterístico nos bebês, por vezes seguidos de golfadas ou até vômitos”, explica o pediatra e infectologista Felipe Moliterno, professor da Faculdade de Medicina de Petrópolis.
Essa doença é particularmente perigosa para bebês e crianças pequenas, que ainda não completaram o esquema vacinal com a vacina DTP, que é um imunizante combinado que protege contra três doenças: difteria, tétano e coqueluche. O esquema consiste em três doses aplicadas aos 2, 4 e 6 meses de idade, com reforços aos 15 meses e entre 4 e 6 anos.
Uma pesquisa realizada pelo Observatório de Saúde na Infância, o Observa Infância, do Centro Universitário Arthur Sá Earp Neto/Faculdade de Medicina de Petrópolis (UNIFASE/FMP), em parceria com a Fiocruz, revelou que, no Brasil, a cobertura vacinal da DTP em 2023 foi de 85,48%, ainda abaixo da meta de 95% recomendada para garantir a imunidade coletiva. No estado do Rio de Janeiro, a cobertura foi de apenas 71,18%.
Em Petrópolis, o índice de cobertura vacinal foi de 80,11%, um índice superior à média estadual, mas ainda insuficiente. Os municípios de Teresópolis e Nova Friburgo têm um índice menor que Petrópolis, com 77,67% e 73,44% respectivamente.
“Essas baixas coberturas vacinais têm vários impactos negativos: aumentam o risco de surtos, facilitam o reaparecimento de doenças antes controladas, sobrecarregam o sistema de saúde e deixam os grupos mais vulneráveis, como bebês e pessoas com condições médicas que impedem a vacinação, em maior risco. Portanto, é fundamental intensificar campanhas de vacinação, realizar busca ativa de crianças que ainda não foram vacinadas, aumentar a conscientização dos pais sobre a importância da vacinação e facilitar o acesso aos serviços de saúde”, destaca a coordenadora da pesquisa e professora da UNIFASE/FMP, Patrícia Boccolini.
A vacina contra a coqueluche faz parte do calendário vacinal do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde e é oferecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O Ambulatório Escola da UNIFASE/FMP tem disponível uma sala de vacina que atende a população. Nesse caso, não é preciso agendar atendimento, basta levar o cartão de vacinação e um documento de identificação. O Ambulatório funciona de segunda a sexta-feira, das 08h às 16h30.
É válido ressaltar que em caráter excepcional, foi ampliada a indicação da vacina dTpa tipo adulto para incluir trabalhadores da educação que atuam em Centros de Educação Infantil (CEIs), berçários e creches, com atendimento de crianças até 04 anos de idade. O imunizante está disponível nas 15 salas de vacinação do município. Confira aqui.