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Depois da Terra (2013) – (S)Em Cartaz

O ser humano não sabe para onde ir. Isso é fato. Além disso, não sabe o que fazer, quando fazer e porquê o faz. Ou seja, ele não tem a menor ideia de nada e fica vagando pelo mundo, como um errante perdido, ou um cego em um tiroteio. O problema disso é que, muitas vezes, sem ter para onde ir ou ter o que fazer, ele pretende dar algum sentido a sua vida, e aí resolve fazer um filme como Depois da Terra (2013), de M. Night Shyamalan. E erra.

A sinopse é repetida, mas não custa falar outra vez: A terra sofreu um cataclisma, e a humanidade teve de deixá-la para viver em naves no espaço. O general que manda em tudo é o Cypher Raige (Will Smith), que depois de 13 anos em serviço, deixou de lado seu filho, Kitai (Jaden Smith), um menino medroso que quer seguir os passos do pai, mas não consegue. Aí, um monte de asteroides cai na nave, o general fica para morrer, e Kitai precisa enfrentar seus medos para ajudar a salvar a vida dos dois.

O objetivo do filme, que tem história e produção de Will Smith, parece claro: mais uma vez, pai e filho trabalharem juntos, na tentativa de dar espaço para o filho, criando uma carreira para ele, enquanto que o pai pode ir diminuindo seus papéis, sua presença nas telonas, e ir, aos poucos, tentando outros lugares dentro do cinema como a produção e elaboração de roteiros.

O problema é que Will Smith não convence como ator dramático inerte e moribundo, não convence como criador de histórias e, só convence como produtor, porque tem dinheiro para tal. Além disso, abusa do tema mais do que batidos de americano culpado por destruir o mundo, fazendo filme sobre isso para tentar purgar a culpa. Nesse caso, ninguém se convence de que o drama é realmente um drama, nem que o filho de Will é mesmo um medroso que vai superar todas as barreiras. O que se vê, apesar disso, é esse menino que vive desmaiando, dormindo e sonhando e que, às vezes, enfrenta águias e tigres. Fora isso, mais nada.

O pior é que em meio a essas pequenas aventuras, a nave deles vai cair justamente na…Terra. Por isso, comecei dizendo que o ser humano não sabe para onde ir. Parece claro que na falta de opções de ver o mundo com outros olhos, estamos sempre voltados para nós mesmos, como Will em tudo nessa empreitada. Lamento dizer que o talento desse ator esteja sendo desperdiçado e que, aos poucos, ele vira uma espécie de Nicolas Cage do Bronx. Acho que na falta do que fazer é melhor não fazer nada e, para os outros, fazer falta.

O filme está em cartaz no Cinemaxx Mercado Estação, com sessões às 14h10 / 16h10 / 18h10 / 20h10 / 22h10, neste sábado (8). De domingo (9) à quinta (13), as sessões são às 15h10 / 17h10 / 19h10 / 21h10. A classificação é  12 anos.

Luiz Antonio Ribeiro é dramaturgo e poeta, formado em Teoria do Teatro pela UNIRIO – Univesidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, onde atualmente cursa Letras – Português/Literaturas.

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