Cinema

[Crítica] Indicados ao Oscar 2016 – categoria de Melhor Filme

Como a cerimônia de entrega do prêmio mais importante do cinema está quase chegando, neste meio tempo, os cinéfilos estão correndo para assistir todos os indicados da principal categoria (pelo menos) e fazer suas apostas.

Entre os indicados deste ano, três nomes de destaque na última cerimônia voltam a se repetir: Alejandro G. Iñárritu, que ganhou nas categorias de Melhor Direção e Melhor Filme com “Birdman” em 2015 e, neste ano, concorre nas mesmas categorias com “O Regresso”; Mark Ruffalo, indicado na categoria de Melhor Ator Coadjuvante com “Foxcatcher” e novamente em 2016, mas desta vez por sua atuação em “Spotlight”; e Eddie Redmayne, que venceu como Melhor Ator interpretando Stephen Hawking em “A Teoria de Tudo”, e foi novamente indicado pela sua atuação em um papel emblemático, agora como Lili Elbe / Einar Mogens Wegener em “A Garota Dinamarquesa”, que ficou conhecida por provavelmente ter sido a primeira mulher transexual a submeter-se a uma cirurgia genital.

Mas vamos ao tema desta coluna: a categoria de Melhor Filme!

Obs: as minhas comparações ao final de cada “crítica” servem apenas como sugestões para que vocês vejam outros filmes com abordagens/temas semelhantes.

a grande apostaA grande aposta: um filme que conta com Christian Bale (que concorre como Melhor Ator Coadjuvante), Brad Pitt, Steve Carrell e Ryan Gosling não teria como não impressionar com as atuações. E, realmente, estão todos ótimos em seus papéis como investidores de Wall Street em meio a grande crise financeira que afetou os Estados Unidos em 2008 e se espalhou pelo mundo.

A história, baseada em fatos reais, explica a bolha imobiliária que causou a recessão por causa das hipotecas subprime (empréstimos concedidos a pessoas que não tinham condições de pagarem as prestações da casa própria).

Por se tratar de um tema confuso (convenhamos que Economia não é o assunto mais fácil de se entender), o diretor Adam McKay utiliza personalidades conhecidas (como Margot Robbie e Selena Gomez) para explicar os jargões da área, expondo-os de uma maneira didática e bem-humorada. Entretanto, o filme acaba sendo um pouco cansativo (são 2h10) e requer muita atenção, já que são muitos termos do mercado financeiro surgindo o tempo todo cuja compreensão é essencial para entender a história.

Digamos que “A grande aposta” é como se fosse “O Lobo de Wall Street” de 2016: ambos baseados em histórias verdadeiras abordando o mercado financeiro, com um toque de irreverência e contando com um grande elenco.

o regressoO Regresso: a nova aposta de Iñárritu traz o lendário explorador Hugh Glass (Leonardo DiCaprio, indicado como Melhor Ator), em uma expedição pelo deserto americano, que após se atacado por um urso e ser deixado para trás por seu amigo John Fitzgerald (Tom Hardy, indicado como Melhor Ator Coadjuvante), enfrenta um inverno brutal com muita dor, buscando sobreviver para se vingar.

Com poucos diálogos (e muita neve), durante pouco mais de 2h30, vamos conhecendo o caráter dos personagens diante às adversidades, as dificuldades para sobreviver num ambiente desértico e invernal, enquanto fogem dos inimigos, e os sentimentos que motivam as ações de cada um.

Como já está mais do que na hora de darem o Oscar ao Leonardo DiCaprio, acredito que este seja o filme que (finalmente) o fará.

Em suma, digamos que “O Regresso” é como se fosse “Os Oito Odiados” com menos sangue.

perdido em martePerdido em Marte: durante uma missão a Marte, o astronauta Mark Watney (Matt Damon, indicado como Melhor Ator) é dado como morto após uma forte tempestade e é deixado para trás por sua tripulação. Porém, Watney sobrevive e com suprimentos escassos, tem que dar seu jeito para viver num planeta quase inóspito. Enquanto isso, na Terra, a NASA e uma equipe de cientistas internacionais fazem de tudo para trazê-lo de volta, mas, claro, a tarefa não é nem um pouco fácil.

O filme é a típica megaprodução americana com um elenco renomado, ótimos efeitos, cenas de tensão e um final “grandioso”. Acredito que leve a estatueta nas categorias mais técnicas como “Mixagem de Som”, “Efeitos Visuais” e/ou “Design de Produção”.

Resumindo, digamos que “Perdido em Marte” é como se fosse uma mistura de “O Náufrago”  e “Gravidade” com uma boa trilha sonora pop (será que foi por isso que foi indicado na categoria Comédia/Musical do Globo de Ouro?). É um bom entretenimento.

spotlightSpotlight – Segredos Revelados: também da categoria “baseado em fatos reais”, é a história da investigação sobre abuso na Igreja Católica, ganhadora do Prêmio Pulitzer, feita pelo jornal Boston Globe.

O filme mostra as dificuldades da equipe de repórteres como questões jurídicas, encontrar e colher depoimentos das vítimas dispostas a falar, receio dos editores, desde o período de apuração até depois da publicação.

Particularmente, até pelo tema, foi um dos que eu mais gostei por mostrar a importância do papel do jornalista de levar a público um fato que sempre ocorreu, mas que vinha sendo encoberto por tantos anos, e as consequências de uma publicação polêmica.

Embora tenham trabalhado bem, não achei as atuações de Rachel McAdams e Mark Ruffalo (ambos indicados nas categoria de Coadjuvantes) tão marcantes a ponto de justificar as indicações. Michael Keaton, ao meu ver, foi o que mais se destacou e, no entanto, não foi nomeado. Coisas do Oscar…

Enfim, digamos que “Spotlight” é como se fosse a visão jornalística de “Dúvida”.

mad maxMad Max – Estrada de Fúria: sendo bastante sincera, fiquei surpresa quando vi esse filme indicado na principal categoria. Nas demais, como de “maquiagem e cabelo”, “fotografia”, “figurino” e as outras mais técnicas, é perfeitamente compreensível, mas melhor filme?

Na história, Mad Max acredita que a melhor maneira de sobreviver é vagar sozinho. No entanto, ele é levado por um grupo em fuga através de Wasteland em um carro de guerra dirigido pela Imperatriz Furiosa. Eles estão fugindo de uma cidadela tiranizada por Immortan Joe, que teve algo insubstituível roubado. Enfurecido, o senhor da guerra convoca todas as suas gangues e persegue os rebeldes na estrada de guerra que se segue.

Se você gosta de filme de ação com ótimos efeitos, Mad Max é uma boa pedida. Tem tanta coisa acontecendo o tempo todo que mal dá tempo de piscar os olhos sem perder algo. Há cenas maneiríssimas embaladas por uma trilha sonora excelente, tornando o longa bem empolgante para quem assiste, com várias perseguições, lutas… É um filme grandioso, sem dúvidas.

Aliás, achei injusto a Charlize Theron, que interpreta a Imperatriz Furiosa, não ter sido indicada. Ela rouba a cena o tempo todo, enquanto o Max mal abre a boca…

Mas finalizando, digamos que “Mad Max” é como se fosse “Star Wars” se passado na terra: ambos envolvem guerra, perseguições, personagens cativantes e marcam a volta triunfal de trilogias de grande sucesso de outras décadas.

ponte dos espiõesPonte dos Espiões: Tom Hanks. Guerra. Baseado em fatos reais. Esse é o típico filme esperado na principal categoria do Oscar. Em plena Guerra Fria, o advogado especializado em seguros, James Donovan (Tom Hanks), aceita defender Rudolf Abel (Mark Rylance), um espião soviético capturado pelos americanos. Mesmo sem ter experiência nesta área legal, Donovan se torna uma peça central das negociações entre os Estados Unidos e a União Soviética ao ser enviado a Berlim para negociar a troca de Abel por um prisioneiro americano, capturado pelos inimigos.

Não tenho nem muito o que dizer, o Tom Hanks é o tipo de ator que dá credibilidade a qualquer filme (por que ele não foi indicado?) deixando sempre a impressão que você viu um “filmaço”. E com direção do Steven Spielberg ainda, não teria como ser diferente… A história é interessante e há muita sintonia entre Rudolf Abel e James Donovan.

“Ponte dos Espiões” é como se fosse “Argo” (vencedor em 2013) por se tratar de guerra, mas focando na tensão do resgate de cidadãos norte-americanos de volta aos Estados Unidos.

BrooklynBrooklyn: é a história de uma jovem irlandesa que parte para os Estados Unidos em busca de oportunidades. Ela se muda para o Brooklyn, passando a viver numa pensão com outras mulheres e no início sente muita falta da família, mas aos poucos ela vai se adaptando e conhece o italiano Tony, por quem se apaixona.

O filme é bem bonitinho e foca mais nas dificuldades de morar longe da família, de voltar para casa depois de já ter construído uma nova vida em outro lugar.

É suficiente para um Oscar? Não, mas vale a pena conferir. “Brooklyn” é como se fosse “Philomena” no Oscar de 2014: singelo, com boas atuações, mas sem reais chances de vencer.

o quarto de jackO quarto de Jack: Ma (Brie Larson, indicada como Melhor Atriz) foi raptada e trancada num quarto por sete anos. Lá, ela teve Jack, que nasceu em cativeiro e durante seus cinco anos de vida não conhecia nada do mundo real. Ela tenta mantê-lo seguro e feliz naquelas condições, mas a curiosidade do menino e a constante tensão em que ambos vivem vai aumentando até que Ma bola um plano para tirá-los dali.

O filme é, sobretudo, uma história de amor familiar, entre mãe e filho, que é o que dá forças aos dois para enfrentarem os momentos mais angustiantes e difíceis de suas vidas: para Ma, voltar ao mundo real; para Jack, vê-lo pela primeira vez.

É possível fazer várias reflexões durante o filme, como por exemplo a situação de Jack, que me remeteu ao Mito da Caverna de Platão, já que o menino nasceu aprisionado, julgando apenas o que via pela claraboia e pela TV, desconhecendo a verdade, ou seja, estando afastado da verdadeira realidade.

“O quarto de Jack” é como se fosse “Medo da Verdade”, só que focando no lado emocional e psicológico dos personagens sequestrados em vez do lado mais “policial” com investigações e a caçada pelos reféns.

Por ser o filme com a temática mais interessante, ao meu ver, e o desenrolar mais comovente, acho que merecia levar como Melhor Filme, embora ache que tenha poucas chances. No entanto, Brie Larson tem boas chances de ganhar o merecido Oscar como melhor atriz.

E para você, qual filme merece ganhar na principal categoria?

Marianne Wilbert

Jornalista, pós-graduada em mídias digitais.
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