Nesta segunda-feira (20), data em que se comemora o Dia da Consciência Negra, o Povo do Santo promove uma caminhada por mais respeito e contra a intolerância religiosa. A concentração será às 17h, no coreto da Praça da Liberdade.
A caminha segue em direção ao calçadão do Cenip e visa reunir diversos adeptos das religiões afro-brasileiras, amigos, simpatizantes, a sociedade civil e todos aqueles que lutam por mundo mais justo e igual.
“Nos deparamos com apedrejamento, humilhação, agressão, falta de respeito e intolerância para com a nossa fé. Tais acontecimentos tem que parar JÁ. Não podemos deixar que o mesmo continue. Nossas ‘autoridades’ em nada contribuem para o fim de tanta opressão”, comentam os organizadores.
De agosto até hoje a Secretaria de Estado de Direitos Humanos e Políticas para Mulheres e Idosos (SEDHMI) recebeu 44 denúncias de intolerância religiosa no estado. Desse número 40 foram referentes a religiões de matriz africana. Ainda de acordo com a Secretaria, há relatos de casos de intolerância religiosa na cidade de Petrópolis, entretanto, o órgão não recebeu denúncias formalmente.
Devido ao crescimento do número de casos no estado, a SEDHMI lançou em agosto o Disque Combate ao Preconceito. Através do telefone (21) 2334-9551, a população pode realizar denúncias e pedir auxílio à equipe técnica da secretaria de segunda a sexta-feira, das 10h às 16h.
“O crescimento do número de casos de intolerância religiosa no Rio de Janeiro é preocupante. Precisamos combater esse tipo de preconceito não só buscando a punição para os autores dos crimes, mas também investindo em jornadas de capacitação e campanhas de conscientização sobre a importância do respeito à diversidade religiosa. A luta pelo respeito ao direito de expressar livremente a sua fé é de todos. Temos relatos de casos de intolerância religiosa na cidade de Petrópolis, entretanto, não recebemos denúncias formalmente. Agora, divulgando nossos canais de comunicação, acredito que receberemos mais casos de intolerância na cidade”, disse o secretário de Direitos Humanos Átila Alexandre Nunes.
Quem viveu a experiência de um ataque religioso cobra medidas urgentes de combate ao preconceito. É caso da mãe de santo Conceição D’lissá, do centro de Candomblé Kwe Cejà Gbé, em Duque de Caxias, que foi vítima de reiteradas agressões. Há três anos, o terreiro onde atua foi incendiado e até hoje os responsáveis não foram identificados.
“Eu levei um ano e meio para voltar a fazer uma cerimônia religiosa”, disse a sacerdotisa. “Tudo foi destruído”. O terreiro dela, assim como a própria, já havia sido alvo de tiros. “Carros meus e de filhos de santo já foram incendiados lá dentro. Tudo por intolerância”. Ela diz que fez boletim de ocorrência em todas as situações e ameaças.
A procuradora responsável pelo monitoramento das ações do poder público, Ana Padilha, diz que o Estado tem a obrigação de proteger as vítimas e as casas religiosas. “Esses ataques são intoleráveis em um país laico em que as pessoas têm que respeitar as outras”.
*Com informações da Agência Brasil e da SEDHMI