Utilizando a arte como um meio de incentivar a saúde e o bem estar, o projeto Missão Petrópolis está mergulhando nas trilhas da cidade e paisagens deslumbrantes estão sendo eternizados pelas mãos do gravurista e tatuador Pedro Neves e da fotografia experimental de João Saidler. Como parte do projeto e do processo criativo, os artistas querem ainda descobrir histórias, curiosidades e lendas desses caminhos abertos em meio à natureza, contadas pelos petropolitanos que as exploram há bastante tempo.
Inspiração Francesa
O projeto Missão Petrópolis teve como inspiração a Missão Artística Francesa de 1808, nos tempos do Império.
A expedição reuniu pintores, gravuristas e arquitetos franceses que, junto com a família Real Portuguesa, vieram para o Brasil retratar o Rio de Janeiro quase intocado pela urbanização, o tráfico negreiro no centro da então capital do país, além dos tipos de indígenas e de escravos. “As gravuras eram produzidas e distribuídas na Europa e essa era a forma de mostrar aos europeus como ‘era’ o Brasil, mas contada pelo lado do dominador. Apesar das inúmeras discussões acerca da veracidade do que era retratado, é a única representação do nosso país da época”, explica Pedro Neves.
A Missão Francesa inspirou a criação da então chamada Escola Real das Ciências, Artes e Ofícios, presidida inicialmente pelo chefe da Missão, Joaquim Lebreton. A Escola Real, que depois se tornaria a Academia Imperial de Belas Artes, transformou-se na atual Escola de Belas Artes da UFRJ que oferece o Curso de Pintura, o mais antigo do país com 204 anos, no qual Pedro se forma este ano.
Missão 2.0
Durante a Missão Petrópolis serão produzidas pinturas e gravuras como as da época, sem maquiar a realidade, além de fotografias analógicas experimentais, feitas com uma câmera construída com materiais reciclados, pelo próprio fotógrafo João Saidler. “Tanto a câmera quanto o processo de revelação são artesanais e remontam ao mesmo modo utilizado por Dom Pedro II, um grande incentivador dessa arte no Brasil. Um dos pilares mais interessantes do projeto é poder colocá-lo em prática em Petrópolis, cidade que o Imperador tanto amava”, ressalta João.
Levar toda essa informação aos petropolitanos e aos demais amantes da natureza também é um dos objetivos do projeto. A ideia é criar vídeos explicativos de como chegar são e salvo em cada uma das trilhas e ao final da expedição formatar um livro com curiosidades, lendas, mitos, dicas sobre as trilhas, saúde e bem-estar, ilustrado, claro, com muita arte. “Para isso estamos à procura de apoiadores. Apenas dessa forma vamos conseguir concretizar esse sonho que é nosso, mas sobretudo é um patrimônio para a cidade e todo o país”, ressalta Pedro.
As principais demandas do projeto são para pagar gasolina, alimentação, material artístico, além do maior dos gastos que seria alguém pra filmar e editar todo material. “Nós escrevemos um projeto com tudo organizado, colocamos os custos no mais baixo que pudemos e agora precisamos encontrar pessoas que acreditem na importância do projeto tanto quanto nós”, ressalta Pedro.
Desta forma surgiu a ideia de uma vaquinha coletiva on-line. Assim, todos podem participar, doando valores que vão de R$20 a R$200. Como recompensa, os apoiadores vão receber cartões postais que reproduzem as obras produzidas nas trilhas, além de workshops de fotografia e de aquarela. A vaquinha foi aberta no site Abacashi, com o título Missão Petrópolis. Para contribuir, é só clicar no link: https://abacashi.com/p/tatui-missao-petropolis
Sobre os artistas
Pedro Neves é pintor, gravurista e tatuador. Natural de Petrópolis/RJ, estuda Pintura e Gravura na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro e dedicou-se, nos últimos anos, à representação da identidade nacional. Interessado pelo nosso patrimônio natural, pela nossa trajetória e formação social, busca nas mais diversas paisagens e personagens a melhor maneira de enaltecer a vida e a história dos brasileiros.
João Saidler é fotógrafo profissional há mais de 10 anos. Retratista e fotógrafo institucional tem formação pelo New York Institute of Photography (curso exclusivamente à distância desde 1975), Senac-RJ, Sociedade Fluminense de Fotografia. Atualmente, desenvolve uma pesquisa em experimentações fotográficas e montou, em um projeto pessoal, uma câmera de grande formato completa, feita com materiais reciclados, reaproveitados e ferramentas simples que reúne tecnologias de vários períodos da fotografia. Utiliza reveladores com químicos de baixa ou nenhuma toxicidade, não agressivos ao meio ambiente, muitas vezes inesperados como vitamina C, café e até cerveja.