Nesta terça-feira (1º), o Palácio Quitandinha reabre à visitação após mais de um ano fechado devido à pandemia. Além de conhecer a suntuosidade dos seus espaços internos e a beleza da sua arquitetura, o visitante poderá aprender mais sobre a história do prédio na exposição “Memória Quitandinha”. A mostra permanente, instalada na sala Dom Pedro, faz um passeio pelos primórdios e pelos tempos áureos desse antigo hotel-cassino, inaugurado em 1944, e que hoje abriga, além de apartamentos residenciais, um dos mais importantes centros culturais da Região Serrana: o Sesc Quitandinha.
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Em 8 módulos expositivos, com 10 segmentos temáticos, estão objetos, informações e conteúdos audiovisuais de diferentes épocas, permitindo ao visitante uma viagem pela história desse que já foi considerado o maior centro internacional de turismo do Brasil. Erguido pelo ex-tropeiro e posterior magnata do jogo e do entretenimento do Brasil Joaquim Rolla, o empreendimento passou apenas dois anos como hotel-cassino. Em 1946, foi obrigado a encerrar sua principal fonte de receita depois de um decreto do presidente Eurico Gaspar Dutra proibir os jogos de azar no Brasil.
A exposição, organizada de forma cronológica, começa mostrando o que havia naquela área da Zona Sul da Cidade Imperial antes do suntuoso palácio: uma fazenda da criação de gado. Segue apresentando o empreendedor Joaquim Rolla, dono de uma rede de cassinos, entre eles o da Urca, no Rio, e o processo de construção do palácio de 28 mil metros quadrados, com sua cúpula de 46,4 metros de diâmetro, maior que a da Basílica de São Pedro, no Vaticano. O visitante pode ver fotos da construção, as plantas arquitetônicas e conhecer os profissionais que trabalharam no projeto – que além do palácio, incluía a urbanização do entorno.
Pratos e talheres de época impressos com o famoso “Q”, marca do empreendimento, também podem ser encontrados na exposição, assim como móveis projetados pela norte-americana Dorothy Draper, que assina a decoração do palácio, toda ela inspirada nos cenários hollywoodianos.
Um dos painéis da exposição é dedicado à decoradora norte-americana. Nele é possível assistir a um depoimento exclusivo para a exposição do vice-presidente da Dorothy Draper & Company, fundada por ela e sediada em Nova Iorque. Segundo Brinsley Matthews, o palácio “é um monumento nacional e o melhor e mais triunfante trabalho de Dorothy Draper”, constando como um dos destaques do portfólio da empresa.
Também há depoimentos de pessoas que vivenciaram o glamour do local, frequentado por chefes de estado, como os presidentes Henry Truman (EUA), Juan Domingo Perón (Argentina), Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek, além de celebridades como Carmen Miranda, Oscarito, Virginia Lane, Orson Welles e Greta Garbo. A atriz Adelaide Chiozzo conta como foram as gravações de “É fogo na roupa”, filme rodado no palácio; o pianista Oceano de Menezes “Coruba” relata o seu trabalho de cicerone de grandes artistas pela cidade; e o radialista Santos Ribeiro recorda da Rádio Quitandinha (ZYP-23), que entrou no ar em 1951 e foi responsável pelo lançamento de diversos artistas, como o ator e cantor Bill Farr (1925-2010).
Imagens do fotógrafo húngaro naturalizado brasileiro Carlos Moskovic retratam a atmosfera de tranquilidade do entorno do lago artificial, em formato de mapa do Brasil, criado em frente ao palácio. As fotografias mostram turistas praticando atividades desportivas e banhistas aproveitando o sol no balneário criado com areia retirada às toneladas da praia de Copacabana.
Outro personagem relevante da época também ganhou um painel exclusivo: o figurinista Alceu Penna, também desenhista e ilustrador da revista O Cruzeiro. Seus traços podem ser vistos dentro do palácio, nos desenhos que estampam as paredes da Sala das Crianças, inspirados na fábula de Jean de La Fontaine. Em frente a um aparelho de rádio da época, o visitante pode ouvir a recriação de áudios da Rádio Quitandinha com músicas e boletim de notícias. Outros dois painéis tratam dos grandes eventos sediados no palácio, como conferências internacionais e concursos de Miss Brasil.
Serviço
Av. Joaquim Rolla 2 – Quitandinha – Petrópolis/RJ
Visitas guiadas: terças a domingos e feriados, das 10h às 16h30 (conclusão do itinerário até às 18h). Agendamento pelo número (24) 2245-2020.
Valores:
R$ 5,00 (habilitados Sesc RJ)
R$ 10,00 (meia-entrada)
R$ 20,00
Limite: 10 pessoas
Visitas livres: terças a domingos e feriados, das 10h às 17h (conclusão do itinerário até às 18h)
Valores:
R$ 2,00 (habilitados Sesc RJ)
R$ 5,00 (meia-entrada)
R$ 10,00
Limite: 150 pessoas simultaneamente
Visitas audioguiadas: Suspensas temporariamente
Entorno do Lago Quitandinha: Abertura experimental nos dias 29 e 30/05, das 9h às 17h, e permanente a partir do dia 1º de junho. Visitação: terças a domingos e feriados, das 9h às 17h.
Limite: 150 pessoas simultaneamente