É notório que a cobertura de grandes tragédias é intensa no breve período que a segue, mas que vai perdendo espaço com o tempo, conforme novas notícias vão surgindo. Este é o caso da tragédia em Petrópolis, que mesmo ainda não tendo completado um mês, já não é tão mencionada na grande imprensa do país, cujo foco agora é a guerra na Ucrânia, por exemplo.
Mas para quem é morador de Petrópolis, essa ferida está longe de cicatrizar. Especialmente para os que foram diretamente afetados. É mais uma marca na memória e no coração de todos, ainda mais numa cidade que infelizmente já tem um triste histórico relacionado à chuvas. Não foi a primeira vez. Dificilmente vai ser a última, mas é inadmissível que algo nessa proporção volte a acontecer. Foram mais de 230 vidas. Milhares de pessoas desalojadas.
E com o intuito de fazer com que essa tragédia não caia no esquecimento surge o Movimento contra a “Amnésia do Céu Azul”, que tem o objetivo de contribuir com o debate público sobre as chuvas em Petrópolis e suas consequências. O nome é inspirado no termo de autoria do geógrafo Marcelo Motta, da PUC RIO.
“A ideia é ajudar a cidade a lidar melhor com um problema que já é secular, seja não deixando que caiam no esquecimento esses eventos que vitimam, com cruel regularidade, centenas de pessoas, seja com sugestões e ações para nosso município se preparar melhor para as próximas chuvas. Não temos filiação ou bandeiras. O Movimento não será individualizado em momento algum, pois não há ninguém em busca de promoção pessoal. Não temos pretensão alguma que não seja a de mobilizar a sociedade, para que uma nova tragédia seja evitada ou, ao menos, minimizada. Sonhamos que mais vozes se unam às nossas, para que possamos, todos juntos, lembrar, questionar, propor e cobrar transformações definitivas para Petrópolis”, diz o Movimento.
A proposta do Movimento é também propor ideias viáveis, que ajudem a minimizar os impactos causados pelas recorrentes tempestades em nossa cidade. “São sugestões, que podem ser aproveitadas integralmente, adaptadas ou melhoradas. Algumas ideias são simples, baratas, requerendo apenas boa vontade e organização para coloca-las em prática em curto espaço de tempo, quem sabe até mesmo antes de uma nova chuva forte. Outras, mais complexas, vão requerer algum planejamento e mais recursos, mas nada impossível também de ser efetivado, desde que haja interesse. Deixamos as questões mais técnicas para os engenheiros, geógrafos, enfim, pessoas capacitadas para tais empreendimentos. Aqui, tratamos basicamente de coisas que facilitem a disponibilização da informação para os moradores da cidade, assim como algumas melhorias estruturais no aparato dos órgãos de gestão de crise do município”, explica.
O Movimento elaborou um ofício com 18 páginas e 60 itens que foi enviado formalmente ao vereador Yuri Moura e demais vereadores da Câmara Municipal de Petrópolis.



