Há anos que moradores da rua Quissamã, onde passa o túnel extravasor, se preocupam com possíveis ocorrências no local, uma vez que chuvas anteriores já haviam causado crateras próximas à residências no trecho do túnel.
Em 2020, por exemplo, técnicos do Inea estiveram em quatro locais diferentes: na entrada do túnel, na Rua Souza Franco, em um ponto na Rua Quissamã onde a Secretaria de Obras fez a desobstrução da galeria (onde houve alagamento em um terreno por causa da chuva de janeiro daquele ano), na Rua Francisco Scali – onde um buraco se abriu na via no trecho em que passa o extravasor, e na Rua Pedro Elmer, onde o canal termina e leva a água em direção ao Rio Piabanha. E até então não foram feitas obras que pudessem trazer segurança aos moradores, apenas pequenas intervenções quando tiveram ocorrências menores.
Entretanto, com o forte temporal que atingiu Petrópolis no último domingo (20), um carro foi tragado para dentro de uma das grandes crateras que abriu no local, além da parte da frente de um prédio de três andares ter desabado.

“Temos problemas aqui desde 1995. Temos registros no Ministério Público, Inea, Defesa Civil, agora vamos acionar até o CREA porque o Inea não tem engenheiro responsável para isso. A gente já não sabe mais o que fazer e a quem recorrer”, disse um morador do local.
O túnel extravasor tem mais de três mil metros e é um canal coberto feito em concreto, inaugurado na década de 1970.
Em reunião com o prefeito nesta última segunda-feira, o secretário Estadual de Infraestrutura e Obras, Max Lemos, informou que alinhou com a prefeitura as intervenções na Rua Quissamã. Segundo o secretário, a galeria apresenta muitos pontos de fuga de água e não há como identificar as áreas que podem estar em risco de desabamento.
Em nota, a Prefeitura de Petrópolis havia informado que “a Secretaria de Obras já oficiou, por várias vezes, o Instituto Estadual do Ambiente (Inea), que é o responsável pelo túnel extravasor, a fazer os reparos, manutenção e a obra de recuperação da estrutura. Na semana passada, equipes da Secretaria de Obras estiveram no local fazendo reparos emergenciais. Uma nova vistoria será feita no local após a ocorrência dessa chuva”.
Já o Instituto Estadual do Ambiente (Inea), informou que “tem conhecimento da atual situação do Túnel Extravasor do Rio Palatinato e que diversas vistorias já foram realizadas no local. Foi constatado que houve carreamento de sedimentos, causando crateras em diversos pontos da rua em questão, em trechos adjacentes ao túnel extravasor. É possível também que esteja ocorrendo pontos de vazamentos hidráulicos do túnel extravasor que permite o fluxo de água em terrenos paralelos ao túnel (fora do trecho canalizado), carreando estes materiais sedimentares.”
O órgão disse ainda que “realizará ações emergenciais – e necessárias – que deverão recompor estes possíveis trechos de rompimento do túnel, e promover o reaterro da crateras.”