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Crítica: Os Escolhidos – Quando ETs aparecem e existem

Os Escolhidos (2013) começa com uma epígrafe particularmente interessante: Existem duas possibilidades: ou estamos sozinhos no universo, ou não. As duas são assustadoras. Podemos pensar que a ideia de estar sozinho ou não no universo é meio frágil, uma vez que temos aqui os animais, as plantas, os microrganismos, ou seja, formas de vida das quais nada sabemos e não temos a menor possibilidade de entender como é ter uma existência dessas. No entanto, a questão que volta é: e além? E pra lá? E do outro lado? É essa pergunta que o filme tenta responder.

Os Escolhidos, de Scott Charles Stewar, conta a história da família Barret: um pai, uma mãe e dois filhos com uma vida comum, apesar de dificultosa por conta da crise, da hipoteca atrasada, dos problemas conjugais, ou seja, a típica família americana do século XXI. Quando de repente, coisas estranhas começam a acontecer como a comida que some da geladeira, objetos são empilhados, pessoas com lapso de tempo. A partir daí começa uma busca incansável pela verdade que, aos poucos, revela o pior: eles não estão sozinhos.

O filme é absolutamente comum de várias maneiras e em vários aspectos. A forma, o roteiro, os atores, o tipo de narrativa, o formato do suspense, a cenografia. Não há nada que se possa destacar como “diferente” ou “inusitado”. Parece que o manual de “como fazer um filme” saiu mais uma vez da gaveta para dar forma à outra obra sobre vida fora de nosso planeta. Excetuo um pequeno detalhe: eles vão até o fim com sua proposta. É comum nesse tipo de filme, um final que desmente todo o resto já acontecido ou uma aparição, como do nada, com uma fórmula mágica que salva a todos (o famoso recurso do deus ex machina do teatro grego). Nesse caso não: o que foi dito, foi dito, não é retirado e é levado às ultimas consequências. O problema é tudo que foi dito é óbvio e antigo.

Aliás, a chegada dos invasores se dá justamente no dia 4 de julho, dia da independência americana, em meio ao barulho de fogos e comemorações. Não sei se é uma citação direta de Independence Day, mas caso tenha sido, não foi das melhores porque só trouxe um elemento extra (e novamente comum e repetido nos filmes do gênero) que serve de distração para a narrativa principal.

Se estamos sozinhos ou não no mundo? Creio que a pergunta é inútil porque de qualquer forma estamos sozinhos na vida e assim morreremos. Em último caso e só a título de fechar a crítica com uma frase de efeito, me sinto estranho quando o único elogio ou a única coisa que me fez pensar em um filme foi sua epígrafe. Sabe quando bate aquela pergunta: “por que raios eu vi isso?”. Pois é.

O filme está em cartaz no Top Cine Hipershopping ABC, com sessão às 20h40. A censura é 14 anos.

http://www.youtube.com/watch?v=vcuBG1hy8wc

luiz

Luiz Antonio Ribeiro é dramaturgo, letrista, crítico, poeta e flamenguista. É bacharel em Teoria do Teatro pela UNIRIO, onde atualmente é graduando do curso de Letras/Literaturas. É adepto da leitura, pesquisa, cinema, cerveja e ócio criativo. Desde 2011 é membro do grupo Teatro Voador Não Identificado. Facebook: http://www.facebook.com/ziul.ribeiro
Twitter: http://www.twitter.com/ziul

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