“Mrs. Dalloway, Mrs. Dalloway, sempre dando festas para encobrir o silêncio!“
Publicado em 1925, “Mrs. Dalloway” é um dos livros mais conhecidos de Virginia Woolf. Se você perguntasse qual é a história desta obra, provavelmente teria alguma dificuldade em responder, pois não se trata de uma narrativa, cujos acontecimentos caminham para um clímax e um final “definitivo”.
A história de Woolf é como aquela música dos Beatles, “A day in the life”, em que durante apenas um dia, percebe-se o peso por trás dos acontecimentos mais banais, como simplesmente andar na rua e ver um casal brigando, ou ir comprar flores, ou ainda um almoço entre amigos. E por se passar em um só dia, o livro deve ser lido em um só fôlego, já que não há divisão de capítulos…
O mais interessante é que podemos ver o ponto de vista de todos os personagens, o que no início, pode gerar um certo estranhamento para se situar, mas que torna a leitura muito mais rica, pois assim conseguimos entender melhor a motivação de cada um para suas atitudes. Além disso, há flashbacks que mostram como era a vida dos personagens quando eles se conheceram e a ação do tempo sobre elas.
Segundo Tomaz Tadeu, que trabalhou dois anos na tradução do livro, a obra lida com temas que estão, de certa forma, no centro da vida de Virginia, como a loucura, a cisão entre as paixões e os ideais da juventude, o conformismo da vida adulta e as convenções do casamento, e o amor homossexual. “A obra de ficção de Virginia está, toda ela, entremeada com a sua própria vida. Mas é possível vê-la mais claramente, eu diria, em Mrs Dalloway: aí ela é Clarissa Dalloway”, explica.
Com uma linguagem simples e ágil, o livro é uma boa pedida para quem quiser conhecer o trabalho da autora.