Coluna Literária

[Coluna literária] “Quando tudo volta” – John Corey Whaley

Após o fenômeno literário chamado John Green, há uma profusão de novos autores no segmento “jovem adulto” nas prateleiras das livrarias. Tais obras em destaque trazem (sempre) protagonistas adolescentes melancólicos e reflexivos, inseridos em belas histórias.

Eu, particularmente, gosto muito dessa tendência, porque são livros leves que sempre nos fazem pensar em questões comuns a todas as idades. Até porque se tornar adulto está longe de significar ter menos questionamentos. Talvez, com a idade a gente só aprenda a lidar melhor com eles e aceitar que certas respostas nunca teremos…

Mas divagações à parte, em “Quando tudo volta”, de John Corey Whaley, temos o protagonista Cullen Witter, que vive numa cidade pacata, onde o surgimento de um pássaro lendário se torna o grande acontecimento local, atraindo turistas de outros lugares e ganhando destaque nos jornais. Enquanto isso, ele tem que lidar com o súbito desaparecimento de seu irmão mais novo, Gabriel.

Cullen fica indignado ao perceber que um pássaro lendário, que ninguém nem sabe se existe mesmo, tem mais destaque e mais importância para as pessoas que o desaparecimento de um jovem de 15 anos. Além disso, a piedade alheia também começa a incomodá-lo:

“Ofereciam refeições gratuitas, hospedagem gratuita em hotéis da Flórida e até serviços de encanamentos gratuitos. E nós deixávamos. Deixávamos porque elas precisavam disso, não nós. Não deixávamos que elas nos ajudassem porque precisávamos, mas porque existe uma coisa nos seres humanos, uma necessidade inominada de se sentir útil. De sentir que temos algo significativo com que contribuir. […] O mundo não pode ser satisfeito, porém essa necessidade de consertar tudo pode.”

Enquanto isso, ele ainda tenta lidar com os problemas típicos da idade, como se apaixonar por uma menina “amaldiçoada”, a pressão para pensar numa faculdade, frequentemente imaginar situações com zumbis, etc.

E além do ponto de vista de Cullen, há capítulos intercalados sobre um fanático religioso que se torna obsessivo pelo estudo bíblico, que aparentemente não se relaciona com a trama principal, mas que contribui para um final inusitado.

Mas afinal, o que acontece com o irmão de Cullen? Quem é esse fanático religioso? Qual é a ligação dele com a história?

Essa curiosidade vai fazer com que o leitor devore o livro rapidinho e simpatize cada vez mais com a história e com John Corey, um autor em ascensão.

Marianne Wilbert

Jornalista, pós-graduada em mídias digitais.
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