Neste sábado (20), o cravista e professor Marcelo Fagerlande lança o livro “Muito além dos salões: Bebê Lima e Castro, musa do Rio em 1900” (Editora 7Letras), a partir das 17h, na Livraria Nobel. O autor vai autografar o livro e participar de um bate-papo com o público. O evento acontece até as 19h.
A obra conta a história de Bebê Lima e Castro (1878-1965), uma das mulheres mais famosas dos salões cariocas da Belle Époque, eleita a mais bela da capital fluminense em 1900 numa competição que mais tarde seria conhecida como concurso de miss. Ilustrado com mais de 50 imagens, entre fotos, programas e anúncios de espetáculos e festivais, a obra também traz detalhes das temporadas de veraneio que a musa da belle époque passava em Petrópolis. Em 1938, Bebê comprou uma casa na Av. Barão do Rio Branco, 199. A residência serrana era chamada de “Villa Violeta”.
“A elite carioca tinha o hábito de passar o verão em Petrópolis e nas estações de águas. Esse hábito se originou do desejo de evitar o calor e da necessidade de escapar de doenças. A Bebê sempre frequentou Petrópolis com os pais, desde o século XIX, até que, nos anos 1930, ela compra uma casa, que existe até hoje. A Villa Violeta fica no bairro da Westfália*, e Bebê invariavelmente passava os verões na cidade”, conta o autor. “Havia uma certa nostalgia da monarquia, o fato de a família Orleans e Bragança ter ido para Petrópolis, além de vários personagens como Santos Dumont e Ruy Barbosa. Então, ter uma casa em Petrópolis era uma referência”, completa.
Ao reconstituir a trajetória de Bebê, o autor faz um recorte musical e social do Rio de Janeiro daquela época, a partir de documentos oficiais, notícias de jornais e encontros com filhos de amigos e de empregados próximos de Bebê. Foi ainda na infância que o autor ouviu as primeiras histórias sobre uma mulher ousada, contadas por seus pais e avós – estes últimos, amigos de Bebê.
Curiosamente, a história da biografada se cruza com a história do biógrafo: de certa forma, foi por obra de Bebê que Fagerlande adquiriu seu primeiro cravo de qualidade. “Bebê não tinha filhos nem parentes chegados, então deixou um longo testamento beneficiando muitos amigos, fiéis empregados e instituições. Meus avós herdaram imóveis, um Cadillac e um solitário de brilhante”, conta o autor. Por sugestão de sua mãe, a joia foi vendida e Fagerlande comprou um cravo na Alemanha, onde concluía seus estudos em música.
*O antigo Quarteirão Westfália é hoje a Av. Barão do Rio Branco
Sobre o autor
Marcelo Fagerlande – Cravista, diplomado pela Escola Superior de Música de Stuttgart, com doutorado e musicologia pela UNIRIO, e pós-doutorados na França (IRPMF/ Paris) e no Brasil (PPGG-UFRJ). É professor titular da Escola de Música da UFRJ. Realizou concertos por todo o Brasil e em países da América do Norte, Europa e América do Sul. Foi regente ao cravo de óperas em diversos teatros brasileiros. Gravou CDs no Brasil e na Alemanha, e publicou “O Método de Pianoforte de José Maurício” (Relume-Dumará), “O baixo contínuo no Brasil” (7Letras) e “O cravo no Rio de Janeiro do século XX” (Rio Books), entre outros.