História

Museu Imperial promove reflexão ao cobrir a escultura “Mima”; entenda

O Museu Imperial tomou a decisão de manter coberta a escultura Mima como parte de uma ação educativa para promover reflexões sobre a melhor forma de expor esse controverso objeto. A obra, que integra o circuito da exposição permanente e está localizada na Sala dos Diplomatas, foi criada por Arthur de Gobineau, intelectual francês conhecido como o “Pai das Teorias Racistas” devido às ideias pseudocientíficas apresentadas em seu Ensaio sobre a “Desigualdade das Raças Humanas” (1853-1855).

A cobertura da peça aconteceu durante o último encontro da Oficina de Letramento Racial, reforçando o compromisso do Museu em criar espaços de diálogo e aprendizado sobre questões históricas e sociais. Essa iniciativa busca alinhar a exposição às abordagens decoloniais contemporâneas, promovendo um debate inclusivo e crítico sobre história, racismo e os desafios de reinterpretar o passado à luz dos valores atuais.

De acordo com a nota técnica elaborada pela pesquisadora Alessandra Fraguas, a decisão de repensar a apresentação da escultura faz parte de um esforço maior do Museu em revisar e ressignificar suas curadorias. A nota destaca a necessidade de contextualizar a obra de Gobineau, cuja amizade com D. Pedro II e presença no Brasil durante o século XIX moldaram a narrativa em torno da peça. A escultura, que foi transferida do Museu Nacional para o Museu Imperial em 1941, carrega tanto os ideais do arianismo quanto as contradições do período em que foi produzida.

“A luta antirracista se faz e se constrói de muitas maneiras. E, se ‘não basta não ser racista, é preciso ser antirracista’, entendo que o Museu Imperial não pode mais se omitir ante uma obra de Gobineau – o ideólogo do racismo –, a qual expressa os ideais do arianismo”, destaca a pesquisadora Alessandra Fraguas na nota técnica.

A nota também enfatiza a importância de problematizar itens do acervo: “Enquanto instituição pública federal, o Museu Imperial serve aos interesses da população em sua diversidade e visa à preservação e à conservação do patrimônio cultural – público –, que inclui múltiplos agentes sociais. É chegado o momento de rever conceitos e narrativas.”

Para mais informações sobre a ação e para acessar a nota técnica na íntegra, visite o site do Museu em www.museuimperial.gov.br.

Mesa redonda com reflexão sobre a escultura Mima

No próximo dia 13 de dezembro, às 14h, o Museu vai promover a mesa redonda “Desvendando a Mima: escultura de Joseph Arthur, conde de Gobineau, do acervo do Museu Imperial/Ibram/MinC”.

O evento é aberto ao público e ocorrerá no Pavilhão de Viaturas do Museu Imperial, recebendo professores e especialistas para umareflexão sobre a escultura Mima e as questões históricas e sociais que envolvem sua exposição.

O evento contará com a participação da pesquisadora do Museu Imperial, Alessandra Bettencourt Figueiredo Fraguas, historiadora e autora da nota técnica que contextualiza a ação com a obra Mima, e de Moisés Corrêa da Silva, consultor especializado em práticas antirracistas, que colaborou com o Museu Imperial na implementação da Oficina de Letramento Racial, oferecida aos servidores e colaboradores da instituição.

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