Política

Audiência na Câmara discute serviço de charretes em Petrópolis

Foto: José Paulo

A Câmara Municipal de Petrópolis discutiu, na última semana, a situação dos cavalos que puxam vitórias no Centro Histórico da cidade. A iniciativa da vereadora Gilda Beatriz surgiu após um dos cavalos ter caído na Praça da Liberdade, visivelmente maltratado, e levantou debates por toda a cidade acerca de tal atividade.

O serviço de charretes do município funciona com a anuência de três órgãos municipais: a CPTrans, a Fundação de Cultura e Turismo e a Secretaria de Meio Ambiente. No entanto, muitas charretes são velhas, pesadas e circulam com mais passageiros do que o permitido, sobrecarregando os animais que não recebem os devidos cuidados.

Andrea Carius, defensora pública do núcleo Itaipava-Petrópolis, lembrou que no ano de 2008, a ONG Animavida apresentou denúncia na Defensoria Pública, a respeito dos maus tratos dos cavalos. “Chamei os representantes da atividade em diversas reuniões e ao final do processo, assinamos um Termo de Ajustamento de Conduta. Esse TAC inclui cláusulas que foram cumpridas e outras não. Tentamos diversas vezes o cumprimento e como não foram feitas, em 2012, a Defensoria executou o TAC, que prevê a extinção da atividade”, declarou.

Em 2000, quando percebeu que 70% dos cavalos não estavam em condições de trabalho, Ana Cristina Ribeiro, da ONG Animavida, começou a desenvolver projetos com os charreteiros da cidade. Em 2006, depois de muito trabalho, foi feita a primeira regulamentação do serviço em Petrópolis. “Logo em seguida, dei início ao Projeto Charreteiro Sangue Bom, que tinha como objetivo capacitar os charreteiros no manejo dos animais”, comentou. Ela ainda é a favor da manutenção do serviço de charrete na cidade, pois, segundo ela, caso essa atividade acabe, aproximadamente 50 cavalos serão vendidos ou não terão uma destinação certa. “Um grande erro é generalizar, pois existem animais que não são maltratados. Não quero levar na minha consciência que acabamos com esse serviço e os animais foram parar numa situação pior”, ressaltou.

Já Elizabeth Amorim, advogada da cidade, após se deparar com a notícia do cavalo que havia passado mal, resolveu realizar um abaixo-assinado a favor do fim dos passeios. O documento já recebeu mais de 8.550 assinaturas em apoio.

Para Rosana Portugal, do Núcleo de Bem-estar Animal, embora haja um grupo que faz coisas erradas, com os últimos acontecimentos e as punições que vem sendo realizadas, ela acredita que esta minoria passará a agir de maneira correta.

Já para Adrian da Costa, advogado que representa os charreteiros, os cavalos do Centro, ainda que tenham algum problema, têm visibilidade. “Caso haja algo errado, os charreteiros serão punidos. Nesse caso, fica claro que as pessoas não querem resolver o problema e sim, apenas tirar o problema da frente de seus olhos. Mas para onde eles vão? Não se sabe. Outro problema é a questão do ser humano. São aproximadamente 30 famílias que dependem dessa atividade econômica. O que pedimos acima de tudo é fiscalização”, salienta.

A audiência pública foi a primeira reunião de uma Comissão Especial da Câmara criada para discutir o problema que envolve os animais que puxam charretes no município. A Comissão tem prazo de duração de noventa dias. Em breve, reuniões menores com representantes de cada categoria serão marcadas.

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