Nesta sexta-feira (26) foi a vez de Sidney Magal subir ao palco do Centro Cultural Sesc Quitandinha como parte da programação do Festival Sesc de Inverno. Antes do show, o cantor recebeu a imprensa para um rápido bate-papo.
No início, Magal conta que apesar de ser carioca e conhecer muito Petrópolis e Teresópolis, é a sua primeira vez no Quitandinha. E quando perguntado sobre sua música preferida, ele disse que era difícil escolher apenas uma. “Sou fã daquelas músicas que agradam a muitas pessoas, então tenho que citar ‘Meu sangue ferve por você’, ‘Sandra Rosa Madalena’, ‘Tenho’, ‘Amante Latino’, ‘Me chama que eu vou’… Pelo menos umas dez músicas são as minhas favoritas porque são as que fazem o público mais feliz”, comenta.
Na entrevista e também durante o show, Magal falou sobre a apresentação de Céline Dion na abertura das Olimpíadas de Paris, que aconteceu nesta sexta-feira e foi um momento muito emocionante, já que a cantora foi diagnosticada com uma doença rara e incurável, a Síndrome da Pessoa Rígida, e esta foi sua primeira apresentação em cinco anos. “Mais do que nunca eu posso chegar à conclusão de que a música faz milagres nas pessoas e em, nós, artistas. Música é amor e é com esse amor que eu venho a Petrópolis dessa vez, 60 anos depois praticamente, para fazer uma apresentação e trazer a minha música”, analisa.
Uma curiosidade sobre Magal é que ele é primo de segundo grau de Vinicius de Moraes, então perguntamos se ele recebeu algum conselho do “poetinha” e se ele o influenciou de alguma forma em sua carreira musical. “A diferença de idade era muito grande, quando eu era adolescente, o Vinicius já era um diplomata, viajava o mundo inteiro, compondo músicas lindas, e eu era um garoto querendo ser artista, mas tive contato com ele porque ele chegou a morar no mesmo prédio que as minhas tias-avós, que eram tias dele, porque a minha avó era irmã da mãe dele. Eu pedi uma música a ele para eu começar a minha carreira já com a bola cheia e ele disse ‘eu posso até te dar uma música, mas não gostaria porque eu vejo em você um artista jovem, um artista pop, um artista p/ galera, não te vejo cantando bossa nova, MPB, você é muito jovem e tem que aproveitar o público que pode ter pela frente'”, lembra.
Entretanto, Moraes estava certo e o incentivou a correr atrás de uma outra oportunidade. Ele assinou um cartão e o entregou a Magal dizendo que procurasse Marcos Lázaro, que na época era empresário de nomes como Caetano Veloso, Maria Bethânia e Gilberto Gil. Mas ao procurá-lo, Lázaro reforçou o que Vinicius já havia antecipado – “Ele disse a mesma coisa: ‘você está muito verde ainda, calma, espera amadurecer’, e achei aquele conselho muito interessante tanto é que me serviu a vida inteira até hoje, e eu agradeço muito ao Vinicius, principalmente pelo carinho que ele tinha com toda a família e que a família tinha por ele”, recorda a voz de Sandra Rosa Madalena.
Sua carreira longeva e bem sucedida também foi abordada durante o bate-papo. O carinho e respeito que Magal tem pelo seu público e o amor com que exerce sua profissão é nítido não só em suas apresentações, mas também na maneira como ele fala de seus fãs. “Existe uma coisa fundamental para todo artista que é a troca de energia. Quando subo no palco, sinto que a energia que eu troco com o público é extraordinária. Aos 20 e poucos anos de idade eu nunca pensei que chegaria aos 74 com o público fiel, curtindo as minhas músicas. A música faz isso, mas a energia faz muito mais e a empatia que você acaba conquistando e tendo com o público é fundamental. O artista que não tem isso dura muito pouco, pode ter uma, duas três ou quatro músicas de sucesso, mas ele dura o tempo da música. Acho que ultrapassei o tempo da minha música porque o público me aceitou como ser humano, como profissional, como uma pessoa que respeita o carinho do amor do público. Música foi feita para ser amada e adorada eternamente, independentemente da época”, conclui.
Sobre o show
Com um telão de fundo passando fotos de sua carreira, quatro bailarinos e uma banda afiada, Sidney Magal abre o show com “Palco”, canção de Gilberto Gil e Milton Nascimento.
Em seguida vem um de seus primeiros sucessos, “Amante latino”, uma versão mais romântica, em forma de balada de “Ciúme”, do Ultraje a Rigor e a animada “Tenho”.
Conversando descontraidamente com o público, Magal disse que não canta mais “Se te agarro com outro te mato” porque ele “foi cancelado na internet por causa da letra”, e ao invés dessa cantou “Entre tapas e beijos”, um clássico da dupla Leandro & Leonardo que ele regravou para a abertura da série “Tapas e Beijos”, da rede Globo.
A Jovem Guarda também foi celebrada com direito a medley das músicas “Vem quente que eu estou fervendo”, “Minha fama de mau”, “Ele é o bom” e “Eu sou terrível”. Em seguida foi a vez de homenagear Tim Maia com “Primavera”, “Você”, “Acenda o farol”, “Eu e você, você e eu”, “Descobridor dos Sete Mares” e “Sossego”.
Um de seus maiores sucessos “Me chama que eu vou” veio em seguida e o cantor, com seu costumeiro bom humor, mencionou o AVC (Acidente Vascular Cerebral) que sofreu ano passado, após ter passado mal durante um show. “Se nessa hora eu estivesse cantando ‘Me chama que eu vou’ e olhado p/ cima, eu estava ferrado”, brincou.
O Baile do Magal também teve direito a “Mal Acostumado”, do Ara Ketu; “Noite do prazer”, de Claudio Zoli, e uma homenagem à saudosa Rita Lee, com “Baila Comigo”.
Encerrando, claro que não podia faltar a icônica “Sandra Rosa Madalena“, que teve direito a bailarinas vestidas de ciganas e jogada de rosas para o público.
Com um show super animado e dançante, Magal mostrou mais uma vez porque continua tendo um público tão fiel há 60 anos e conquistando novas gerações.
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